Os partidos Rede Sustentabilidade, PSOL e PSB ingressaram nesta segunda-feira com uma representação pedindo a cassação do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer. Na ação de quebra de decoro que será encaminhada ao Conselho de Ética, as legendas sustentam que o parlamentar atuava como uma espécie de “mula” de Temer – já que foi flagrado carregando mala supostamente com dinheiro – e que articulou o pagamento de propina com o grupo JBS.
Em vídeo gravado pela Polícia Federal, Loures aparece saindo de uma pizzaria em São Paulo com uma maleta que, conforme a própria JBS afirmou em acordo de delação premiada, teria 500.000 reais em propina. Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal afastou o congressista do mandato.
O vídeo foi feito em abril logo depois de Joesley, presidente da holding J&F, ao qual pertence o grupo JBS, ter gravado Temer em uma reunião no Palácio do Jaburu. No encontro, o presidente indicou Loures como seu interlocutor para tratar de assuntos de interesse do empresário no governo federal. Joesley aparece perguntando a Temer no vídeo: “Posso falar tudo com ele [o deputado Loures]?”. O presidente, então, responde: “Tudo”.
Segundo Joesley, o dinheiro era parte do pagamento de uma propina para que Loures, sob indicação de Temer, facilitasse o andamento de uma demanda do grupo empresarial no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) envolvendo uma usina termelétrica em Cuiabá. Tratava-se de uma disputa entre a holding e a Petrobras sobre o preço do gás oferecido pela estatal à termelétrica EPE, adquirida pela JBS em 2015.
“As ações do deputado Rodrigo Rocha Loures revelam uma clara afronta ao comportamento compatível com o decoro parlamentar, como o que estabelece o Código de Ética e Decoro Parlamentar quando manda, no seu art. 3º, IV, que são deveres dos Deputados ‘exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular, agindo com boa-fé, zelo e probidade’”, afirmaram os partidos na representação. As legendas pedem o depoimento de Rocha Loures e também dos executivos da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud e do presidente do Conselho de Defesa Econômica (Cade), Gilvandro Araújo.