PGR cobra R$ 63,1 milhões de Marcelo Odebrecht em delação
Conforme Raquel Dodge, o valor é a diferença entre R$ 2,1 milhões já depositados pelo empreiteiro e R$ 65,2 milhões devidos por ele em pena de perdimento
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou nesta quinta-feira (1º) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação em que pede que o empresário Marcelo Odebrecht deposite 63,1 milhões de reais na conta judicial vinculada ao acordo de delação premiada dele. Conforme o pedido de Dodge, submetido ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, o valor é a diferença entre 2,1 milhões de reais pagos pela Odebrecht em junho de 2017 e os 65,2 milhões de reais que ele deve.
De acordo com a PGR, o montante é referente à pena de perdimento prevista no acordo de delação e não está relacionado à multa de 73,3 milhões de reais imposta a Marcelo Odebrecht, já depositada por ele em 2017.
Para chegar ao valor de 65,2 milhões de reais a serem desembolsados pelo empreiteiro, a PGR se baseou em uma análise técnica da sua Secretaria de Perícias, Pesquisas e Análises, que levou em conta, entre outros elementos, depoimentos do próprio Marcelo. Ele contou ao Ministério Público Federal (MPF) que uma conta vinculada a ele a à sua esposa, Isabela, na Suíça, recebeu depósitos que totalizaram 70,5 milhões de reais entre 2006 e 2015.
No documento enviado ao Supremo, a PGR também rebateu argumentos e cálculos apresentados pela defesa de Marcelo Odebrecht. Os advogados do empresário alegavam que, como ele é dono de 50% da empresa titular da conta bancária, deveria depositar apenas metade do valor, preservando a parte de sua mulher no montante.
Dodge ponderou ao STF que devem ser descontados do valor a ser pago apenas multas e impostos recolhidos por Marcelo ao repatriar os ativos da Suíça.
Filho de Emílio Odebrecht e herdeiro do grupo que leva o nome da família, Marcelo Odebrecht é um dos 77 executivos da empresa que fecharam acordo de delação premiada com a PGR. Condenado a 28 anos e seis meses de prisão em dois processos da Lava Jato em Curitiba, o empreiteiro ficou dois anos e meio preso na capital paranaense e deixou a cadeia em 19 de dezembro de 2017, como parte de seu acordo de colaboração. Desde então, ele cumpre prisão domiciliar em São Paulo e está proibido de trabalhar nas empresas da família.