O Podemos gastou cerca de 3 milhões de reais com o projeto voltado a viabilizar a candidatura do ex-juiz Sergio Moro à Presidência nas eleições de 2022. Além de pagar um salário de quase 22.000 reais ao ex-ministro da Justiça, o partido também custeou viagens, hotéis, carro e seguranças usados por ele durante seus compromissos como pré-candidato.
Moro chegou ao Podemos em novembro de 2021 como a aposta de ser o representante da terceira via na corrida ao Planalto neste ano. Depois de quatro meses, Moro decidiu deixar a legenda nesta quinta-feira, 31, para tentar viabilizar sua candidatura à Presidência pelo União Brasil.
Estacionado nas pesquisas, alvo de boicotes e insatisfeito com o montante que o Podemos ofereceu para investir em sua candidatura, o ex-juiz começou a ficar cada vez mais isolado e sem o apoio interno que precisava para seguir adiante. Por isso, abandonou o navio, rumo ao União Brasil, onde as resistências ao seu nome também são bastante consideráveis.
Só a título de salário, o Podemos desembolsou cerca de 88.000 reais com o ex-ministro da Justiça. O dinheiro usado para pagar as despesas geradas com o projeto de Moro era proveniente do fundo partidário – verba transferida anualmente pelo governo federal a cada partido para ajudar a custear as despesas de cada agremiação. Em 2021, o governo federal repassou 34 milhões de reais ao Podemos. Neste ano, de janeiro até agora, foram mais 6,3 milhões de reais. Moro começou a receber salário do Podemos em dezembro.
Outras lideranças políticas também recebem salários custeados pelos recursos do fundo partidário. Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), por exemplo, ambos pré-candidatos, faturam cerca de 27.000 reais mensais com seus partidos.
Lideranças do Podemos também ficaram irritadas depois que receberam a notícia de que Moro teria usado o carro e a equipe de segurança pagos pela legenda para se dirigir ao local onde teve a reunião com lideranças do União Brasil. O encontro ocorreu no restaurante Tarsila, localizado dentro do Hotel Intercontinental, em São Paulo. O partido aventa até a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça para reaver o dinheiro gasto na expedição.
Procurado, Moro não se manifestou até a publicação desta reportagem.