Deputados dissidentes do PSB se reuniram na manhã desta terça-feira com Rodrigo Maia (DEM-RJ) na residência oficial do presidente da Câmara, em Brasília, para discutir uma possível migração ao DEM, movimento que é estimulado por Maia. Insatisfeitos com a ida da sigla à oposição ao governo do presidente Michel Temer (PMDB), entre dezesseis e dezoito deputados pessebistas veem na mudança a possibilidade de se manterem alinhados ao Planalto. Além dos parlamentares, o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, é um dos que podem trocar o PSB pelo DEM.
Por outro lado, preocupado com o fortalecimento do partido do presidente da Câmara, o primeiro na linha sucessória da Presidência da República, Temer tenta atrair os pessebistas dissidentes para o PMDB. As articulações do presidente envolveram um encontro dele com a líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), nesta terça-feira. A deputada também esteve entre os presentes no encontro com Rodrigo Maia, ao lado de parlamentares das duas siglas, como Pauderney Avelino (DEM-AM) e Danilo Forte (PSB-CE).
Segundo Forte, o convite para a reunião feito aos deputados do PSB descontentes com a direção nacional da legenda partiu do próprio Maia. Caso as migrações se confirmem, a bancada de 29 deputados do DEM, hoje a oitava maior da Câmara, poderia chegar a até 47 parlamentares, igualando-se ao PP como quarta mais numerosa na Casa. O PSDB, com 46 deputados, cairia à quinta posição.
As conversas entre pessebistas e democratas acontecem desde o primeiro semestre deste ano. “O momento é oportuno para aglutinar forças que pensam de forma semelhante”, disse Forte. De acordo com o deputado federal, estão em discussão a elaboração de um novo programa partidário e uma possível mudança do nome do DEM, alteração que seria a segunda em menos de dez anos. O partido foi criado em 2008, a partir do antigo PFL.
Também nesta terça-feira, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, reagiu aos movimentos de Michel Temer e Rodrigo Maia para levar os deputados dissidentes da legenda a PMDB e DEM. “Um presidente da República, e um que parece pretender ser presidente, em vez de discutir os graves problemas do país, captam deputados agindo cada um como chefes de partido”, disse Siqueira. “Isso sim eu acho grave, o momento para quem tivesse espírito público não comporta esse tipo de ação”, completou.
Antecipação de janela partidária
Danilo Forte também declarou a jornalistas que há um acordo entre lideranças da base aliada e da oposição para que a reforma política antecipe, de março de 2018 para setembro ou outubro deste ano, a janela que permite a parlamentares mudar de partido sem risco de perder o mandato. Segundo ele, há um “inconformismo muito grande” por parte de vários deputados da base e da oposição com as atuais legendas às quais estão filiados. O projeto será votado a partir de agosto pelo Congresso Nacional.
“A reforma política vai antecipar para setembro ou outubro a janela. Há um inconformismo muito grande tanto em bancadas da base aliada quanto da oposição”, afirmou Forte em entrevista, logo após participar de reunião nesta manhã na residência oficial de Maia, em Brasília.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)