A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprovou, por 49 votos a zero, a cassação do mandato de Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), na noite desta quarta-feira, 30. O ex-parlamentar é réu acusado por homicídio triplamente qualificado e tortura do menino Henry Borel, de apenas 4 anos, na madrugada de 8 de março no apartamento em que eles moravam na Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio de Janeiro). Jairinho foi acusado de quebra de decoro parlamentar devido a abuso de poder e tráfico de influência ao telefonar para o governador Cláudio Castro (PL) e para um executivo da Rede D’Or, para onde o menino foi encaminhado já morto na madrugada de 8 de março, na tentativa de evitar a exumação do corpo.
Os vereadores decidiram, também, pela perda dos direitos políticos de Jairinho por oito anos. Em seu lugar, assumirá o primeiro-suplente do partido: Marcelo Diniz (Solidariedade), que deve ser convocado para diplomação no final desta semana.
Apenas um parlamentar faltou à votação: Dr. Gilberto (PTC), que apresentou atestado médico justificando sua ausência. O engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai da criança, enviou uma mensagem aos vereadores agradecendo a cassação de Jairinho. Parlamentares discursaram ao longo da tarde sobre o caso. À defesa foi cedido um espaço de duas horas para expor sua argumentação, mas o tempo ocupado pelo advogado de Jairinho foi de cerca de 30 minutos. Ainda assim, o afastamento teve decisão unânime em plenário.
“Ele não ligou para o governador para dar jeitinho brasileiro, não. Ele ligou para saber o trâmite do caso. E o governador respondeu. Fico feliz de poder externar a voz do Jairinho (…) e vem sendo julgado como um ministro por alguns colegas e pela população”, disse o advogado de Jairinho, Berilo Martins da Silva Netto.
O primeiro a falar foi o relator Luiz Ramos Filho (PMN), que agradeceu aos colegas e fez a leitura do parecer entregue à Comissão de Ética pedindo a cassação de Jairinho por inúmeras razões que caracterizariam falta de decoro: “assassinato duplamente qualificado, tortura, repetidas agressões físicas impostas a uma criança indefesa, tentativa de tráfico de influência e de uso político em causa própria”.
Carlos Bolsonaro (Republicanos) chegou a se emocionar em sua fala, entrecortada por memórias da facada que seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sofreu em 2018. “A maldade nunca vai prevalecer. Um fruto não cai longe do pé. Fica um loop [de ambos os casos] na minha cabeça o tempo todo”, disse. “Parabéns ao relator pelo trabalho quanto a esse crime bárbaro”, prosseguiu.
Já o vereador Chico Alencar (PSOL) disparou: “A Câmara do Rio não vai “condenar” Jairo Jr à prisão por 20 ou 30 anos. Isso é tarefa da Justiça. Aqui, espero, vamos retirá-lo da vida pública”.
Tereza Bergher (PSDB) pediu mais celeridade nos trâmites do Conselho de Ética da Casa. “O julgamento aqui hoje foi para decidir se o senhor Jairinho tinha condições de continuar exercendo seu mandato. E esta casa decidiu que não tem. Ele é um mau exemplo para o parlamento e para toda a sociedade. O vereador Jairinho não tem condições de representar ninguém aqui. Logo que foi preso, Jairinho foi afastado e, um mês depois, o gabinete foi fechado. mais uma emenda minha, porque, Antes, os vereadores eram presos e continuavam com gabinete aqui aqui na Câmara”, disse.