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Pré-candidato à sucessão de Bolsonaro, Witzel convive com mais uma crise

Principal secretário do governador do Rio, Lucas Tristão está envolvido em outra polêmica com deputados: distribuição de cargos

Por Cássio Bruno 3 mar 2020, 18h44

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que pretende concorrer à sucessão de Jair Bolsonaro em 2022, terá de desarmar outra bomba envolvendo a Assembleia Legislativa (Alerj). O pivô da crise, de novo, é Lucas Tristão, o ainda todo-poderoso secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais. Apontado como o responsável pela produção de dossiês contra deputados estaduais, Tristão, agora, é acusado de interferir em acordos firmados entre a gestão Witzel e parlamentares em troca apoio político em votações no plenário. Nos bastidores, a queda de braço para indicações de cargos do alto escalão tem causado mais desgaste na conturbada relação dos dois poderes e o clima está insustentável.

O mais recente capítulo da novela é no Departamento de Trânsito (Detran-RJ). Embora faça parte da estrutura do vice-governador Cláudio Castro (PSC), o órgão é comandado hoje pelo grupo de Lucas Tristão. O secretário é ligado a Mário Peixoto, empresário que viveu nas sombras do MDB no governo Sérgio Cabral. A empresa da família de Peixoto, a Atrio Rio Service Tecnologia e Serviços, é uma das principais fornecedoras de mão de obra terceirizada no governo Wilson Witzel com R$ 69,4 milhões em contratos até janeiro deste ano, boa parte sem licitação. No passado, Tristão advogou para a Atrio Rio.

Segundo deputados ouvidos por VEJA, Lucas Tristão e Mário Peixoto nomearam o policial federal Antônio Carlos dos Santos para a presidência do Detran-RJ, o terceiro no cargo desde o início da administração Witzel. A turbulência ocorreu porque os parlamentares tinham a promessa de indicarem toda a cúpula do departamento, que inclui ainda diretorias, coordenadorias estratégicas e postos de vistoria de veículos. Mas a interferência de Tristão e Peixoto atrapalhou as negociações. Houve rebelião. “(O Witzel) entregou o comando do Detran para quem não tem voto. Todas as tentativas de aproximação da Alerj com o governo estão sofrendo interferência (do grupo de Tristão). Não é só no Detran-RJ”, afirmou um deputado.

Em jogo no cobiçado Detran-RJ, além da presidência, estão diretorias poderosas como a de Habilitação, a de Tecnologia de Informação e Comunicação, a de Identificação Civil e a de Registro de Veículos e a Coordenadoria de Educação para o Trânsito. Quem controla esses setores tem em mãos o comando, por exemplo, de todos os postos de atendimento (inclusive os de exames médicos), de grandes contratos com empresas que fornecem mão de obra terceirizada e da emissão de carteiras de motorista. Disputam espaço os deputados Gustavo Tutuca (MDB), Max Lemos (MDB), Léo Vieira (PSC) e Rodrigo Bacellar (Solidariedade), entre outros parlamentares.

Em 2018, investigações da força-tarefa da Lava-Jato mostraram que 10 deputados estaduais lotearam o Detran-RJ. O fatiamento incluiu postos do órgão em 20 municípios do estado do Rio, segundo denúncia do Ministério Público Federal. De acordo com procuradores à época, a descoberta começou após a apreensão do notebook do deputado Edson Albertassi, então líder do MDB na Alerj. No computador dele, havia a divisão de controle dos postos. A ação mostrou que a Prol, empresa vencedora dos contratos para fornecer mão de obra nos postos, disponibilizava cargos para indicação dos parlamentares.

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Tristão foi acusado pelos parlamentares de intimidação e chantagem com base em grampos ilegais. O secretário sempre negou o caso. Após a confusão, sete deputados bolsonaristas protocolaram um pedido de impeachment contra Witzel por causa das suspeitas. Em meio ao tiroteio, o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), declarou que Tristão teria dito, para quem quisesse ouvir, que possui dossiês contra os 70 políticos da Casa.

Procurado, Lucas Tristão, em nota, afirmou o seguinte: “O Detran-RJ é um órgão vinculado à vice-governadoria, sobre o qual não tenho, nem nunca tive, qualquer gerência ou indicação pessoal. Não conheço nenhum diretor do Detran-RJ e só estive em sua sede uma vez, dia 28/06/2019, para renovar minha CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Desconheço a existência, bem como os termos, de qualquer espécie de acordo entre os poderes. O relacionamento com o Poder Legislativo é de competência e responsabilidade do secretário de estado da Casa Civil, Sr. André Moura, a quem incumbe a articulação política do governo. Mantenho relações cordias com a Alerj, seus respectivos deputados e, principalmente, o presidente da Casa, André Ceciliano, a quem tem em alta estima”. Mário Peixoto não foi localizado por VEJA.

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