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Prefeito gay se casa com parceiro no interior de SP

"Corrupção é feio, lavagem de dinheiro é feio, mas o amor é muito bonito", discursou Edgar de Souza (PSDB), assumido desde a primeira eleição, em 2012

Por Da redação
6 mar 2017, 10h45
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  • O prefeito reeleito de Lins, Edgar de Souza (PSDB), casou-se no sábado, mas, ainda assim, a cidade do interior de São Paulo não tem o que se convencionou chamar de primeira-dama. Um dos primeiros prefeitos assumidamente gays do Brasil, Souza casou-se com o empresário Alexsandro Luciano Trindade, com quem mantinha união estável há 13 anos, em cerimônia que agitou a sociedade local.

    O governador Geraldo Alckmin (PSDB), em visita ao interior, passou por Lins na véspera para cumprimentar os noivos. O Diversidade Tucana, segmento de políticas LGBT do PSDB, considerou a união um marco na história do país. A cerimônia ecumênica teve oficiantes de vários credos religiosos: uma ministra católica, um pastor anglicano, uma espírita kardecista e um pai de santo.

    Os noivos entraram acompanhados pelos pais, familiares, além de pajens e daminhas de honra com as alianças. O “sim” teve direito a lágrimas e beijo. A juíza de casamento Aline de Oliveira, expediu a certidão de matrimônio. “Fizemos questão desse momento para dizer a todos que nos amamos. Corrupção é feio, lavagem de dinheiro é feio, mas o amor é muito bonito”, discursou o prefeito.

    Edgar, de 38 anos, e Alex, como o parceiro prefere ser chamado, de 35, conheceram-se na adolescência, mas não houve empatia no primeiro encontro. Os dois só se reencontraram depois de adultos. “Foi em 2004, quando eu já era vereador reeleito. Seis meses depois, decidimos morar juntos.”

    Campanha

    O prefeito estreou na política aos 20 anos, em 2000, eleito para o primeiro mandato como vereador. Foram três mandatos consecutivos até 2012, quando foi eleito prefeito. Na campanha, decidiu assumir que era gay. “Falei no palanque: eu não tenho que esconder com quem vivo e quem eu amo. Se esconder não mereço ser prefeito de vocês.” Ele conta que na campanha foi vítima de ataques homofóbicos. “Falavam que a prefeitura seria transformada em boate gay, coisas assim.”

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    Uma semana antes da eleição, os adversários distribuíram uma foto dele com Alex encostado em seu ombro e a frase: “Se votar no 45, essa família vai governar a sua”. Conforme Edgar, o efeito foi contrário. “Muita gente passou para nosso lado, tanto que a gente tinha 42% e fomos eleitos com 53%. A cidade rejeitou a homofobia.” Na campanha para a reeleição em 2016, Edgar não enfrentou o mesmo problema. “A população já conhecia e aprovava o meu trabalho. Na região, 90% dos prefeitos não se reelegeram, mas fui eleito enfrentando três candidatos.”

    Católico, Edgar fez questão de convidar o padre da cidade para abençoar o casamento, mas ele se disse impedido. “Gostaria de ter podido casar na igreja, pois minha família toda é católica e tenho um irmão que é assessor jurídico do bispo. Em sua atuação como prefeito, Edgar luta para criar na cidade um ambiente sem homofobia. “Eu me propus a ter uma vida aberta para que as pessoas pudessem ver que os homossexuais não são diferentes dos heterossexuais”.

    Aprovação

    Na cidade de 75,1 mil habitantes, a maioria das pessoas abordadas pela reportagem aprovou o casamento. ” O Edgar é bom administrador”, disse Júlio Cesar Batista, de 60 anos. “Gostamos dele como prefeito”, afirmam os estudantes Giovana Verdeli e Alessandro Paulo Junior, de 17 anos. Para eles, Edgar e Alex têm direito a serem felizes. “Faz anos que vivem juntos, acho normal que se casem”, disse a dona de casa Maria Luísa Martinho Soares, 64 anos, auxiliar do padre.

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    O apoio, porém, não é unânime. “Acho isso uma vergonha. Cada um sabe dos seus atos, mas ele é prefeito, não deveria ser de forma tão escancarada. Isso prejudica a cidade que está precisando atrair empregos. Lins perde credibilidade”, criticou o balconista de farmácia Sérgio Luis Santana, de 42 anos.

    (Com Estadão Conteúdo)

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