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Preso pela PF era colega de hacker e temia ‘ser envolvido’, diz mãe

Luiz Molição, de 19 anos, é um dos dois detidos pela PF na segunda fase da operação. Ele estudava com Walter Delgatti e trocava mensagens com ele

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 set 2019, 14h31 - Publicado em 19 set 2019, 14h09

Um dos presos pela Polícia Federal na segunda fase da Operação Spoofing, deflagrada nesta quinta-feira, 19, é o estudante Luiz Henrique Molição, de 19 anos. Morador de Sertãozinho (SP), Molição era colega de classe do hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, no curso de direito da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).

A Spoofing mira suspeitos das invasões hacker em celulares de autoridades, como o ministro da Justiça, Sergio Moro, parlamentares e procuradores da Operação Lava Jato em Curitiba. Molição foi preso temporariamente, pelo prazo de cinco dias, assim como Thiago Eliezer Martins.

A mãe do jovem, Michelle Cristina Quitéria, disse a VEJA que Luiz Molição tinha com Delgatti uma relação de colega de classe, não chegavam a ser amigos, e que conversavam muito pelo aplicativo WhatsApp sobre assuntos da universidade.

Depois da prisão de Vermelho, em julho, Michele conta que o filho e outros colegas do hacker ficaram com medo de ser investigados e convocados a prestar depoimento. Filho único, Molição não mora com a mãe, mas com o pai, Rinaldo, de quem ela é divorciada.

“Quando ele viu na internet, ele me disse que era colega dele e que outros amigos ficaram surpresos. Vários colegas que trocavam mensagens com o rapaz preso ficaram com medo. Ele ficou com medo de ser envolvido. Eu disse que se ele não fez nada, as investigações vão chegar até o culpado”, diz a mãe. “O problema dele é aquela história de se envolver com amizades erradas, eu sempre falava para ter cuidado. Ele é uma pessoa muito sozinha e na universidade, como ninguém ia muito com a cara desse Walter, ele acabou dando mais ouvidos a ele”, relata a mãe.

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Michele conta que o filho não sabia da longa ficha criminal de Delgatti, que inclui diversos casos de estelionato, antes da prisão do hacker na Spoofing. Molição disse à mãe que as mensagens trocadas com o colega eram sobre “coisa de escola”, a universidade e o curso. Ele não comentou com ela se Delgatti havia lhe contado sobre as invasões hacker.

Segundo Michele Quitéria, seu filho não tinha habilidades que poderiam fazer dele um hacker. “Nem curso de informática ele fez”, afirma. Já Walter Delgatti, um estelionatário da cidade de Araraquara (SP), admitiu ter invadido os celulares de autoridades e tido acesso a mensagens trocadas no aplicativo Telegram, que passou ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil.

Uma série de reportagens do The Intercept, publicadas em parceria com outros veículos, como VEJA, mostraram condutas impróprias de Sergio Moro enquanto juiz da Lava Jato e de procuradores responsáveis pela operação no Paraná. Moro se comunicava com Deltan Dallagnol pelo Telegram e passava instruções ao Ministério Público Federal (MPF), prática proibida a magistrados, que devem ser neutros e imparciais na conduções dos processos.

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Em seus perfis nas redes sociais, Luiz Molição tem uma publicação em que aparece tocando uma música do cantor Rubel no violão – ele também compartilha letras de canções do artista – e postagens críticas ao presidente Jair Bolsonaro. O jovem se define como. “Ativista pelas causas que considero corretas. Sempre em busca de melhorar como pessoa, como espirito, em busca da melhor compaixão e paciência para ver e entender as diferenças e a realidade”.

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