O procurador Carlos Henrique Martins de Lima, do Distrito Federal, protocolou uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por suspeitas de improbidade administrativa e peculato na nomeação de Nathália de Melo Queiroz como assessora de seu gabinete na Câmara dos Deputados.
Na representação, Lima alega que, enquanto estava lotada no gabinete de Jair Bolsonaro, entre dezembro de 2016 e outubro de 2018, Nathália trabalhava como personal trainer no Rio de Janeiro, em horário comercial, o que seria um indício de que era funcionária “fantasma”, remunerada sem prestar serviços ao Legislativo.
Ela é filha de Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quando este era deputado estadual. Queiroz é investigado pela Justiça do Rio de Janeiro depois que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações financeiras atípicas da parte dele, de 1,2 milhão de reais.
Em janeiro, um relatório da Câmara mostrou que a presença de Nathália Queiroz foi atestada pelo escritório do atual presidente durante todo o período em que ela foi funcionária da Casa.
Após o envio da representação, cabe agora à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, avaliar se abre ou não uma investigação envolvendo o presidente com base na representação de Lima. O procurador ressalta, no documento, que a Constituição impede que o presidente da República seja responsabilizado por fatos anteriores à posse, mas argumenta que é possível abrir investigação sobre o caso.
“Nada impede que o presidente da República seja investigado e responsabilizado na esfera cível e, na esfera penal, veja a investigação por tais atos ter regular andamento, entendimento partilhado pela atual procuradora-geral da República”, escreve o procurador na representação.
(Com Estadão Conteúdo)