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Programa do PSOL vai defender alta de imposto para deter déficit

Economista Marco Antonio Rocha, da equipe do candidato Guilherme Boulos, disse que o aumento da cobrança valeria para os mais ricos

Por Estadão Conteúdo 20 jun 2018, 12h28
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  • Um dos responsáveis pelo programa econômico do pré-candidato do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos, o economista Marco Antonio Rocha, professor de economia da Unicamp, afirmou nesta terça-feira (19), em entrevista, que o eixo principal do programa de governo do presidenciável é a geração de emprego com o enfrentamento do déficit fiscal. Rocha disse que a trajetória fiscal sustentável passa pela cobrança de mais impostos dos mais ricos. Segundo ele, o programa de governo do candidato já está elaborado, mas será submetido ao crivo do próprio partido antes de ser divulgado.

    Sobre moradias, uma das bandeiras de Boulos, que é coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Rocha cobrou a recuperação da capacidade de concessão de financiamento, principalmente por parte de bancos públicos, como a Caixa. “Prevemos aumento progressivo do IPTU e cobrança sobre imóvel rural.”

    O economista antecipou que a intenção não é provocar um rompimento absoluto com o atual modelo econômico, “mas há camisas de força em termos de crescimento que precisam ser revistas, como por exemplo, ajustes no tripé macroeconômico, revisão da meta de inflação e dos mecanismos de redução da volatilidade cambial no Brasil”, disse. “Achamos que deve ter regulação para fluxo de capital de curto prazo.”

    Em relação ao câmbio, Rocha citou ainda a necessidade de uma regulação maior no mercado futuro. O professor argumentou que a reforma da Previdência não vai resolver o problema fiscal de curto prazo. Segundo ele, a dívida pública brasileira tem de entrar em uma trajetória sustentável, algo que não ocorrerá sem crescimento econômico.

    Equilíbrio fiscal

    Rocha destacou ainda que, em um primeiro momento, por uma questão de justiça social, o reequilíbrio fiscal tem de ser buscado através da elevação, por exemplo, da alíquota de Imposto de Renda e do aumento da cobrança de tributos que atinja a parcela mais rica da população.

    Questionado sobre a política de preços para os combustíveis — origem da paralisação dos caminhoneiros no fim de maio — o economista disse que a greve refletiu os problemas neste setor. “E falo também do preço do gás de cozinha, que ‘come’ boa parte da renda das famílias e precisa ser equacionado”, afirmou. Rocha defende a revisão dessa política de preços, com regras móveis que permitam à empresa diminuir a volatilidade dos repasses, remunerar seu capital, mas sem repassar o ônus para o consumidor.

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