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PSB e PDT devem processar dissidentes, mas não expulsá-los

Conselhos de ética dos dois partidos já marcaram reuniões para a semana que vem para discutir a situação dos infiéis

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 jul 2019, 17h59

Trinta e quatro deputados contrariaram as orientações de suas bancadas na votação do texto-base da reforma da Previdência, aprovada nesta quarta-feira em primeiro turno por 379 votos contra 131 na Câmara dos Deputados. A dissidência (19, ao todo) ocorreu em duas siglas, o PSB e o PDT, que fecharam questão contra a proposta de emenda à constituição – por isso, a vitória de lavada do governo capitaneada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No PSB, onze dos 32 parlamentares da bancada não seguiram a definição do partido, entre eles Felipe Rigoni (ES) e Flávio Gomes (SP). No PDT, foram oito dos 27 entre, eles Tábata Amaral (SP) e o subtenente Gonzaga (MG).

Os dois partidos avaliam agora como irão punir os parlamentares infiéis. Num primeiro momento, chegou-se até a cogitar a expulsão, pena máxima prevista em seus estatutos. Mas, depois, com a cabeça mais fria, recuaram. Nos bastidores, parlamentares dessas duas siglas admitem que essas medidas extremas não passam de uma ameaça retórica. Em outras votações controversas, como na reforma trabalhista ou nas denúncias contra o ex-presidente Temer, não ocorreram punições nesse grau – no máximo, se deu uma negociação para que os dissidentes migrassem para outro partido. Isso, no entanto, não impede que eles sejam processados e julgados pelo conselho de ética das siglas.

Tanto o PSB como o PDT já marcaram reuniões para definir na próxima semana. Os conselhos devem decidir por uma advertência ou pela perda de espaço político em comissões. De qualquer forma, nenhum partido quer perder de 8 a 11 parlamentares de uma vez, ainda mais a esquerda que está tão desidratada em relação à direita na Câmara. Além disso, os líderes partidários sabem da necessidade de ter uma bancada numerosa para garantir um maior repasse do fundo partidário.

Quarta mais votada nas últimas eleições, a deputada Tábata Amaral se tornou o símbolo dos dissidentes – e, por consequência, alvo a militância do PDT que pediu uma abertura de processo contra ela “para dar exemplo”. Os dirigentes da sigla avaliaram que a posição firme da deputada a favor da reforma, exibida nas redes sociais antes da votação, provocou uma debandada entre os parlamentares de centro-esquerda. A expulsão, no entanto, estaria fora de cogitação.

“O clima está bem pesado por causa da derrota. Nós avaliamos que houve um erro grave de estratégia. E precisamos rever isso. Mas eu que votei contra vou defender aqueles que votaram a favor”, disse um deputado da oposição que pediu para não ser identificado.

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