O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP), disse nesta terça-feira que seu partido fará o possível para garantir que a votação da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB) ocorra no final desta quarta, próxima ao horário nobre da televisão. A sigla está de olho na audiência da TV Globo e de outras emissoras que transmitirão ao vivo o desfecho da acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os índices de audiência das transmissões televisivas costumam aumentar entre o final da tarde e a noite, quando a maior parte das pessoas volta do trabalho. Na avaliação do PT, quanto mais expectadores, maior será o constrangimento e a pressão sobre os deputados governistas que defenderão Temer no plenário da Câmara. Cada parlamentar terá de registrar o seu voto nominalmente. A oposição precisa de 342 votos para dar sequência ao processo contra Temer.
Uma pesquisa do Ibope registrou que 81% dos eleitores querem que os deputados aprovem o prosseguimento da denúncia, com seu encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal (STF). O instituto também registrou que 70% ficarão indignados caso os deputados optem pelo arquivamento da acusação. Outros 79% disseram concordar que o parlamentar que votar contra a acusação é cúmplice de corrupção. Para 73% dos eleitores, o deputado que rejeitar a abertura do processo não deve ser reeleito em 2018.
O PT se reuniu na Câmara para fechar uma posição única para a votação. O encontro da bancada do partido ocorreu com a presença da presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), além dos senadores Humberto Costa (PE) e Lindbergh Farias (RJ).
Rito questionado
Após uma reunião das bancadas da oposição, deputados decidiram que questionarão o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a votação. Maia disse que quer encerrar a sessão no período da tarde. “Solicitamos uma reunião com Maia. Não dá para fazer um rito resumido. Votar a denúncia à noite é fundamental para que o trabalhador acompanhe”, disse o líder da minoria na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE).
Os cerca de quinze deputados do PT, PCdoB, PDT, PSOL e Rede que participaram do encontro afirmaram que o governo está “desesperado” para derrubar a denúncia. A principal preocupação da oposição é que Maia permitiu que a sessão de debates comece com 52 dos 513 em plenário e que essa fase poderá ser interrompida após quatro discursos – dois contra e dois a favor da denúncia – , bastando que um requerimento seja aprovado no plenário.
O grupo de oposicionistas se reunirá novamente à noite para fazer uma nova avaliação no cenário, mas já definiu que não dará quórum durante o dia. “Não vamos dar quórum durante o dia. Esta votação precisa acontecer à noite, depois que trabalhador for para casa”, declarou o líder do PSOL na Câmara, deputado Glauber Braga (RJ).
(Com Estadão Conteúdo)