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‘Quando um não quer, dois não brigam’, diz Mourão após ataques de Carlos

Vice-presidente pediu 'calma', enquanto o filho do presidente mantinha a desavença e se referia ao general no Twitter como 'o tal de Mourão'

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 23 abr 2019, 21h45 - Publicado em 23 abr 2019, 21h42
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  • Alvo de ataques do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão pediu “calma” e buscou amenizar a situação no final da tarde desta terça-feira, 23. Mourão disse a jornalistas que “todo mundo emite sua opinião” e que “quando um não quer, dois não brigam”.

    “Eu sei de todas as angústias, as perguntas que vocês (jornalistas) querem fazer. É o seguinte: calma, todo mundo emite sua opinião, tal e coisa. Então, a minha mãe sempre dizia uma coisa: ‘quando um não quer dois não brigam'”, declarou o vice, afirmando que essa é a sua “linha de ação”. “Vamos manter a calma”, completou.

    Mourão fez os comentários antes mesmo de a imprensa perguntá-lo sobre as recentes postagens do filho de Bolsonaro e que o envolvem. Mais cedo nesta terça, Carlos reproduziu um vídeo em que o vice comenta a crise na Venezuela, apontando que a parcela da população contrária ao presidente Nicolás Maduro está desarmada. “Quando a única coisa que lhe resta é o último suspiro de vida, surgem estas pérolas que mostram muito mais do que palavras ao vento, mas algo que já acontece há muito. O quanto querer ser livre e independente parece ser a maior crueldade para alguns”, diz o vereador na postagem.

    Questionado se o presidente Jair Bolsonaro deveria agir em relação ao filho como fez nesta segunda-feira, 22, quando afirmou que as “recentes declarações” feitas pelo escritor Olavo de Carvalho, que fez ataques a militares, “não contribuem” para o “projeto de governo”, Mourão disse que o “presidente é o presidente”, e que ele “tem a forma dele de pensar”. Mourão disse que não teve oportunidade de conversar com Bolsonaro sobre o assunto.

    Também nesta terça, o vereador carioca traduziu e expôs um convite para uma palestra do vice-presidente nos EUA, em que Mourão é chamado de “voz da razão e moderação” no governo marcado por 100 dias de “paralisia política”. “Se não visse, não acreditaria que aceitou com tais termos”, afirma Carlos na postagem.

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    “Já que desta vez não se trata de curtida, vamos ver como alguns irão reclamar”, escreveu Carlos, em referência ao “like” de Mourão numa publicação da jornalista Rachel Sheherazade com críticas a Bolsonaro e elogios ao vice. Foi o mesmo tuíte que fez o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) protocolar um pedido de impeachment contra Mourão. Ontem, Carlos Bolsonaro já havia criticado o vice-presidente por ter curtido o tuíte crítico a seu pai. No domingo, o vereador carioca publicou – e depois apagou – um vídeo com críticas ácidas do escritor Olavo de Carvalho aos militares.

    Já no final da tarde de hoje, Carlos tuitou uma reportagem com declarações de Hamilton Mourão à época da campanha eleitoral, quando ele comentou a facada em Jair Bolsonaro dizendo que o episódio já havia rendido exposição o suficiente e que era hora de “acabar com a vitimização”. Na postagem, Carlos Bolsonaro se refere ao vice-presidente como “o tal de Mourão”.

    “Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização. Enquanto um homem lutava pela vida e tentava impedir que o Brasil caísse nas garras do PT, queridinhos da imprensa opinavam”, escreveu o vereador. “Nunca foi por briga e sim pela verdade”, completou, em outra postagem. 

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    Porta-voz

    O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, disse nesta terça-feira que Jair Bolsonaro quer colocar um ponto final na desavença pública entre Carlos Bolsonaro e Hamilton Mourão. Apesar disso, o porta-voz não respondeu se o presidente tomou alguma medida prática ou conversou reservadamente sobre as críticas públicas com o filho ou o vice. Rêgo Barros tratou o tema como uma “pretensa discussão” entre Carlos Bolsonaro e Mourão.

    O porta-voz reproduziu, em declaração à imprensa, uma frase atribuída ao presidente sobre o filho e uma série de elogios ao trabalho do vereador. “É sangue do meu sangue”, teria dito Bolsonaro. “Carlos foi um dos grandes responsáveis pela vitória nas urnas, contra tudo e contra todos. O presidente enfatiza que estará sempre ao seu lado.”

    Ao falar sobre o vice-presidente, o porta-voz disse que ele terá o apreço de Bolsonaro. “É o subcomandante do governo, topou o desafio das eleições e terá a consideração e o apreço do presidente”, afirmou.

    O porta-voz relatou que a responsabilidade das publicações críticas a Mourão nas redes sociais de Carlos Bolsonaro são do filho e vereador. “O presidente evidencia que declarações individuais publicadas nas mais diversas mídias são de exclusiva responsabilidade daqueles que as emite. Quaisquer outras influências externas no governo que venham a contribuir para mudanças propostas no Brasil serão sempre bem-vindas”, declarou.

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