O deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP) disse nesta quinta-feira, 10, que a ala do partido que cobra “transparência na utilização de recursos públicos e democracia nas decisões” na gestão do deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), presidente da sigla, poderia “começar a questionar o caso Queiroz”.
“Acho ótima essa manifestação. Esses deputados podem, agora, começar a questionar o caso Queiroz, o caso do ministro (do Turismo) Marcelo Álvaro Antônio, os cargos que esses ‘ideológicos’, às vezes até parentes, têm no governo”, disse Bozzella.
Após VEJA revelar que Jair Bolsonaro decidiu deixar o PSL, uma ala do partido divulgou, na quarta-feira 9, uma nota em desagravo ao presidente. Os parlamentares afirmam que “é necessário construir uma plataforma partidária ampla, cujo núcleo central é a solidez de um partido” voltado para “construir um país livre de corrupção”.
Assinam o documento os deputados Eduardo Bolsonaro (SP), Filipe Barros (PR), Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Bia Kicis (DF), Hélio Lopes (RJ), Alê Silva (MG), Cabo Junio Amaral (MG), Chris Tonietto (RJ), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), Aline Sleutjes (PR), Carlos Jordy (RJ), Márcio Labre (RJ), Major Vitor Hugo (GO), Sanderson (RS), General Girão (RN), Daniel Silveira (RJ), Luiz Lima (RJ) e Coronel Armando (SC).
Como informa o Radar, Bolsonaro quer controlar o partido para passar a utilizar seu orçamento invejável de 100 milhões de reais anuais na formação de uma estrutura partidária que confira alguma substância programática ao bolsonarismo. A turma de Bolsonaro afirma querer usar o dinheiro para criar uma fundação que forme seus filiados, estabeleça bandeiras mais sólidas de debate e secretarias setoriais que passem a adotar as visões ideológicas do governo em debates sobre mulheres, negros, minorias e família.
Júnior Bozzella integra um outro segmento dentro do partido, que divulgou um manifesto em apoio a Bivar. No documento, o grupo exalta a importância da sigla nas eleições de 2018 e, visando os próximos pleitos, coloca-se “à disposição para reconstruir o partido em todo o território nacional, nas suas respectivas bases e regiões”. Os parlamentares exigem, ainda, “a preferência para presidir os Diretórios e Comissões Provisórias Municipais”, conforme o artigo 99 do estatuto do partido.”Poderiam começar pela democracia no diretório de São Paulo”, diz Bozzella.
Reportagem de VEJA desta semana mostra como a candidatura do PSL à prefeitura de São Paulo dividiu o partido. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, que comanda o diretório paulista, atua nos bastidores para implodir a candidatura de Joice Hasselmann (SP), líder do governo no Congresso. A deputada é vista com desconfiança em razão de sua boa relação com o governador João Doria (PSDB), tido como adversário de Jair Bolsonaro na disputa pelo Planalto em 2022. “Ela tem o pé em duas canoas”, chegou a dizer o presidente.
Para barrar os planos de Joice, Eduardo recriou o diretório municipal, que estava inativo. Entregou o comando a Edson Salomão, líder do movimento Direita SP, e forçou a convocação de prévias para escolher o cabeça de chapa do PSL para a prefeitura.