O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) participou da live de VEJA de Os Três Poderes nesta sexta-feira. Aliado de Jair Bolsonaro, o parlamentar falou sobre as expectativas em torno da manifestação marcada para o ex-presidente no domingo, 25, na Avenida Paulista. O programa tem apresentação do editor Ricardo Ferraz e análises dos colunistas Robson Bonin, Marcela Rahal e Matheus Leitão.
Conforme mostra capa de VEJA desta semana, Bolsonaro promete usar a manifestação para se defender sem agredir autoridades e instituições. Se a aposta der certo, mostrará força política e apoio popular – mas as chances de o roteiro desandar são consideráveis. No depoimento à PF sobre a trama golpista, nesta quinta-feira, o capitão nada respondeu ‘por não ter acesso aos autos’, segundo a defesa. Outros militares também silenciaram. Já Valdemar Costa Neto e Anderson Torres responderam aos questionamentos.
Questionado sobre o tom que o capitão deve adotar na manifestação, Salles disse que o político ‘quer esta oportunidade para poder tratar desses assuntos [acusações] com absoluta transparência’ e que o ex-presidente deve fazer isso ‘de maneira mais transparente e tranquila possível’.
“Ele próprio já está indo para esta oportunidade que os brasileiros estão dando dele falar a todos no próximo domingo com espírito de apaziguar e de poder tranquilamente transmitir as informações”, disse o parlamentar.
As expectativas de Bolsonaro para a manifestação
Bolsonaro sabe que mesmo uma manifestação bem-sucedida tem poucas chances de mudar os humores do STF, mas aposta todas as suas fichas em ter uma foto da Avenida Paulista lotada, de forma a demonstrar sua capacidade de mobilização. Organizadores do evento, como o pastor Silas Malafaia, falavam em, no mínimo, 300 000 pessoas. Outra utilidade do evento para Bolsonaro é exibir força política. A manifestação pode reunir pela primeira vez no mesmo palanque alguns dos mais relevantes expoentes da direita no país. Além do enorme séquito de deputados e senadores do PL, o partido do ex-presidente, como Nikolas Ferreira (PL-MG) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ato também deverá ter governadores, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina. Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, é também esperado, mas não havia confirmado presença até a última quinta, 22.
De forma a não criar novos enroscos na Justiça, Bolsonaro promete não ser Bolsonaro. Em diversos vídeos em que conclama apoiadores, o ex-presidente deixou claro que o mote do dia será a defesa dos valores da direita, como a liberdade e a família, e da democracia, além, é claro, da denúncia ao que classifica de “perseguição judicial” e “violação de prerrogativas” das quais é alvo. Bolsonaro também instruiu os admiradores a não levarem faixas nem cartazes contra instituições como o Supremo e a Polícia Federal. Até a preocupação com a lisura de doações acendeu o alerta do capitão, que foi às redes proibir que sejam feitas rifas em seu nome para o custeio de transporte e compra de itens como bandeiras e tinta.