Janot denuncia Jucá pela terceira vez em uma semana
Líder do governo no Senado é acusado de receber 150.000 reais de propinas da Odebrecht para beneficiar chapa que tinha seu filho como vice em 2014
Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela terceira vez em apenas uma semana. Nesta segunda-feira, a peça encaminhada por Rodrigo Janot ao STF acusa o senador de receber 150.000 reais em propina da Odebrecht para influenciar na tramitação de medidas provisórias. A denúncia será analisada pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte.
De acordo com a PGR, após o acerto entre a empresa, por meio de seu diretor de Relações Institucionais, Cláudio Melo Filho, e Jucá, sobre a redação final que deveria ser dada para a medida provisória nº 651, a empreiteira doou o valor ao diretório estadual do PMDB em Roraima. Na sequência, a verba foi repassada para a candidatura de Chico Rodrigues (PSB) ao governo do estado. Chico tinha o deputado estadual Rodrigo Jucá (PMDB), filho do senador, como candidato a vice-governador. Eles não foram eleitos.
“Não há dúvidas de que o sistema eleitoral foi utilizado para o pagamento disfarçado de vantagem indevida a partir de ajuste entre Romero Jucá e o executivo do Grupo Odebrecht Cláudio Melo Filho”, escreveu o procurador-geral. A nota publicada pela PGR também afirma que “inexistem motivos plausíveis para que a Odebrecht fizesse doações direcionadas especificamente ao estado de Roraima”.
As últimas denúncias de Janot, que dá lugar a Raquel Dodge na PGR no próximo dia 15, estão sendo jocosamente chamadas de “flechas”. Em julho, questionado sobre o ritmo de investigações e denúncias nos seus últimos meses no cargo, ele sentenciou: “enquanto houver bambu, lá vai flecha”. Mais cedo, um dos principais aliados do presidente Michel Temer (PMDB), o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) admitiu a possibilidade de que Janot apresente outra denúncia contra o presidente. Em agosto, a primeira acusação, por corrupção passiva, teve a autorização negada pela Câmara para prosseguir.
Outras denúncias
Na segunda-feira da semana passada, Romero Jucá foi denunciado no âmbito da Operação Zelotes, que investiga se ele e os deputados federais Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Corte Real (PTB-PE) beneficiaram o Grupo Gerdau indevidamente em troca de doações eleitorais.
Já na sexta-feira, Jucá foi acusado em uma ação que inclui seus colegas de bancada Renan Calheiros (AL), Valdir Raupp (RO) e Garibaldi Alves (RN), o ex-presidente José Sarney e o ex-senador Sérgio Machado. Todos são acusados de obter vantagens indevidas a partir de contratos da estatal Transpetro, que foi presidida por Machado.