Responsável por dar seguimento aos pedidos de impeachment contra Michel Temer (PMDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou nesta quarta-feira que tenha decidido engavetar as ações que foram apresentadas logo após eclodirem as denúncias contra o peemedebista, que foi gravado pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS e delator na Operação Lava Jato, em conversas um tanto controversas.
“Eu não posso avaliar uma questão tão grave como essa num drive-thru”, disse. “Não é assim, não é desse jeito. Quanto tempo não se discutiu aqui a crise do governo Dilma? Então, nós temos de ter paciência”, afirmou. Maia nega que tenha decidido não dar prosseguimento a nenhuma ação: “Eu não tomei decisão. E não é uma decisão que se tome da noite para o dia”, continuou.
O deputado decidiu se manifestar após sua declaração na segunda-feira de que não seria “instrumento para a desestabilização do Brasil” ter sido vista como um indicativo de que não daria continuidade aos processos contra Temer. Nos bastidores, porém, ele próprio manifestou a aliados a intenção de não mexer nesse tema agora. Cabe ao presidente da Câmara avaliar a admissibilidade das ações e determinar a instalação de uma comissão especial que julgaria a conduta do presidente da República.
“Eu não posso avaliar uma questão tão grave como essa num drive-thru. Não é assim, não é desse jeito. Quanto tempo não se discutiu aqui a crise do governo Dilma? Então, nós temos de ter paciência
Rdorigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara
Maia disse ainda que seu comportamento tem sido de “paciência” e “calma” para tentar construir uma agenda de superação da crise econômica. “Eu estou olhando para 2018 com o Brasil podendo crescer de 3% a 4 %. Acho que, com esse olhar, eu preciso ter uma agenda que garanta essa possibilidade ano que vem”, indicando que outros temas serão prioritários na pauta da Câmara dos Deputados.
Os pedidos de impeachment contra Temer começaram a chegar logo depois de o conteúdo das conversas que manteve com Joesley ter sido divulgado. Já há doze solicitações desse tipo na Câmara, algumas assinadas por parlamentares e partidos de esquerda, como PT, PSOL e Rede. Nesta quinta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai protocolar mais um pedido alegando que o peemedebista cometeu crime de responsabilidade.
Em um encontro mantido fora da agenda com Joesley no Palácio da Alvorada, no dia 7 de março, o presidente, segundo a acusação do empresário e do Ministério Público Federal, dá aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, e indica o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), seu ex-assessor especial, para supostamente negociar o pagamento de propinas. O presidente também é acusado de não ter tomado providências diante das declarações do dono da JBS de que estaria comprando dois juízes e um procurador.