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São Paulo terá prova para avaliar ensino na pandemia, diz Bruno Covas

Em entrevista ao projeto VEJA E VOTE, prefeito paulistano, que busca a reeleição, afirmou que avaliação apontará conteúdo a ser recuperado

Por Redação
Atualizado em 19 out 2020, 15h20 - Publicado em 19 out 2020, 13h18

Na primeira das cinco entrevistas do projeto VEJA E VOTE com os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, o atual prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), afirmou que a cidade aplicará uma prova para avaliar como os alunos da rede municipal absorveram os conteúdos durante as aulas à distância, em meio à pandemia do novo coronavírus. Segundo o tucano, esta será a primeira ação da administração municipal depois de a Vigilância Sanitária autorizar o retorno às aulas presenciais.

Covas declarou que a avaliação permitirá um mapeamento dos conteúdos a serem reforçados e recuperados em regime de contraturnos, com complemento à distância, além das aulas presenciais, por meio da distribuição de 465.000 tablets aos alunos e 57.000 notebooks aos professores. De acordo com o prefeito, novas informações sobre o retorno às aulas, com medidas a serem implementadas a partir de 3 de novembro, devem ser anunciadas ainda nesta semana.

“Durante o período o aluno frequenta a escola e, no contraturno, vai continuar a ter aula dentro de casa com esses equipamentos que estamos comprando, todos com acesso à internet, para ajudar nessa recuperação. Vamos também montar equipes de visitação casa a casa, da mesma forma que temos programa de saúde da família, para ter uma ação voltada à área educacional para poder reduzir a evasão escolar, que esse ano, com a suspensão das aulas, deve ampliar”, avaliou Bruno Covas aos entrevistadores Ricardo Ferraz, repórter de VEJA, e Ricardo Noblat e Augusto Nunes, colunistas.

Durante a entrevista, o prefeito ressaltou que as escolas estão “preparadas” para retomar as atividades presenciais, mas que cabe à área da Saúde, de onde partiu a recomendação para suspender as aulas, autorizar a retomada. “Não queremos abrir e depois voltar a fechar aulas, como várias cidades fizeram mundo a fora, só quando tiver tranquilidade do momento apropriado, vamos retomar”, afirmou.

“Agora, porque a Educação é uma questão importante, não dá para deixar de ouvir a ciência, a vigilância sanitária e aprovar o retorno às aulas por conta de pressão, só por conta de muita gente estar pressionando pelo retorno às aulas. Somente quando a área da saúde disser que é o momento apropriado é que eu vou autorizar a volta às aulas na cidade de São Paulo”, respondeu Covas.

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Sobre a rede municipal de ensino, o prefeito apontou os cerca de 400 alunos do terceiro ano do Ensino Médio como “foco” e “grande preocupação” da retomada em um primeiro momento. Covas declarou que o retorno às salas na rede municipal estará baseado também em um censo com professores e alunos.

Economia no pós-pandemia

Questionado sobre as medidas que a prefeitura da capital paulista pode adotar para ajudar na recuperação econômica da cidade no pós-pandemia, Bruno Covas citou medidas por qualificação profissional, criação de frentes de trabalho, aumento de competitividade e redução de burocracias. A “economia criativa”, que inclui eventos e gastronomia, uma das mais afetadas pelas restrições impostas durante a pandemia, foi lembrada pelo tucano como “diferencial” de São Paulo.

“Esse é um grande diferencial que gera oportunidades aos jovens de periferias, aqueles mais prejudicados neste momento de grande recessão econômica que o Brasil e o mundo atravessam. Podemos ter distritos criativos em toda a cidade, espaços de coworking em toda a periferia, são importantes para estimular a economia criativa da cidade”, disse. O prefeito lembrou que 175.000 pessoas perderam empregos com carteira assinada na cidade durante os meses de março, abril e maio, os três primeiros da pandemia.

Sobre as medidas de restrição de circulação impostas na cidade desde o início da pandemia no país, em março, Covas afirmou não rejeitar nenhuma delas, incluindo o questionado rodízio de carros entre placas pares e ímpares, revogado após apenas uma semana de vigência. Ao defender as ações, o prefeito declarou que a prefeitura “não pode ser acusada de se omitir”.

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“A medida mais polêmica talvez tenha sido o rodízio de carros par e ímpar, que também surtiu efeito, [porque] tínhamos uma redução no índice de isolamento na cidade no mês de abril. Em maio, durante a semana em que implementamos [o rodízio], revertemos a tendência de queda e conseguimos ampliar o isolamento. Foi uma medida dura, drástica, e talvez por isso durante uma semana, quando ela produziu resultados, a gente revogou em seguida”, justificou.

Cracolândia e moradores de rua

Indagado sobre moradores de rua e a cracolândia, Bruno Covas apontou as duas situações como “os dois grandes fagelos sociais” de São Paulo. Segundo o prefeito, censos em 2016 e 2019 apontaram que o número de pessoas vivendo nas ruas da capital paulista passou de 16.000 para 24.000. Com a pandemia e o aumento no desemprego, o tucano presume que o número tenha “aumentado muito”. Caso reeleito, ele afirmou que seguirá com políticas de consultórios de saúde na rua e buscará ampliar espaços para acolhimento.

Sobre a cracolândia, que seu antecessor, João Doria (PSDB), hoje governador de São Paulo, disse ter eliminado em 2017, o prefeito paulistano classificou como “um problema de saúde grave” e que manterá ações de segurança pública, com participação da Guarda Civil Metropolitana, e de saúde na região, com “tratamento individualizado”.

Mobilidade urbana

O prefeito também foi questionado sobre suas propostas para a mobilidade urbana em São Paulo e afirmou que sua gestão renegociou contratos emergenciais de gestões anteriores com empresas de ônibus, o que permitirá, segundo o tucano, uma reorganização das linhas do transporte. Ele também mencionou a requalificação de 310 quilômetros de ciclovias em seu governo, a entrega de mais 173 quilômetros até o final de 2020 e a proposta de criação do transporte hidroviário na cidade, com foco na represa Billings.

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A respeito do trânsito, mais especificamente sobre os motoboys, Bruno Covas citou os acidentes envolvendo motos como um dos fatores para o aumento da mortalidade em São Paulo e indicou uma ação da prefeitura com aplicativos de entrega para que deixem de remunerá-los conforme número de entregas realizadas. Para Covas, a prática “estimula o desrespeito às leis do trânsito”. “Alguns aplicativos assinaram protocolo de entendimento, temos uma serie de normas discutidas na Câmara para adequar isso. Se os aplicativos seguirem essa recomendação da prefeitura, já vamos ter uma grande forma de se evitar o desrespeito às normas de trânsito”, disse.

Continuidade no cargo

Diante do histórico de ex-prefeitos paulistanos do PSDB que abandonaram seus mandatos na cidade para buscar eleições a outros cargos, como José Serra (eleito em 2004) e João Doria (eleito em 2016), Bruno Covas reconheceu que “a população não gosta desse tipo de atitude, não aprovou em oportunidades passadas”. Ele garantiu que, caso reeleito, cumprirá o mandato até o final. “Não farei isso, quero ser prefeito para governar até 2024”, prometeu.

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