O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), disse na tarde deste sábado, 13, que a pessoa que mais está sofrendo com a questão da deputada Tabata Amaral é ele próprio, que teria incentivado a entrada dela para a política. A parlamentar está sendo questionada e pressionada pelo PDT por ter desacatado orientação do partido e votado favoravelmente à reforma da Previdência na quarta-feira, 10, no plenário da Câmara dos Deputados.
Para Ciro, ao votarem a favor da proposta de Jair Bolsonaro (PSL), Tabata e outros deputados pedetistas teriam contrariado a história trabalhista do PDT. “Se tem alguém que está sofrendo com esta questão da Tabata, esse alguém sou eu. Sabe quem recrutou a Tabata, a estimulou a entrar na política, assinou a filiação dela? Fui ‘euzinho’ aqui”, disse o ex-governador, durante evento, em São Paulo.
Na terça-feira, 9, um dia antes da votação, Ciro defendeu em seu Twiiter que se parlamentares do partido votassem à favor da reforma, deveriam ser expulsos. Após aprovação da reforma, o ex-governador chegou a dizer que Tabata era “um desgosto de filha”, fazendo referência à sua importância na carreira política da parlamentar.
Apesar da postura de Ciro, nos bastidores os partidos que tiveram divergências na votação da reforma – casos do PDT e PSB – pretendem punições mais brandas do que a expulsão dos dissidentes.
A polêmica começou quando na terça-feira 9, após reunião com a bancada do partido na Câmara, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que quem apoiasse as mudanças nas regras de aposentadoria propostas pelo governo Bolsonaro seria punido com o desligamento. Em março, o PDT fechou questão contra a reforma da Previdência.
Favorável à reforma, Tabata liderava um grupo que prometia acompanhá-la na votação. Além da parlamentar paulista, outros sete deputados votaram a favor da proposta de emenda à Constituição. São eles: Alex Santana (BA), Flávio Nogueira (PI), Gil Cutrim (MA), Jesus Sérgio (AC), Marlon Santos (RS), Silvia Cristina (RO), e Subtenente Gonzaga (MG). A bancada do PDT é composta por 27 deputados.
Comparação de Collor com Bolsonaro
No evento neste sábado, o pedetista também comentou sobre seu futuro na política. De acordo com ele, sua grande tarefa hoje não é ser candidato, mas ajudar o brasileiro a entender o que está acontecendo por meio de sua experiência. Crítico da agenda liberal do governo Bolsonaro, colocada em prática pelo ministro da Economia Paulo Guedes, o ex-governador do Ceará disse que o governo Collor só caiu porque “pôs uma agenda liberal violenta ao País sem conversar com ninguém”.
“Collor descartelizou a indústria automobilística, sentou o pé na dívida pública e nos rentistas brasileiros, esterilizou um terço da dívida pública, enquanto nós acreditamos que derrubamos o Collor por conta de ele ferir os interesses populares”, disse Ciro, acrescentando que Collor caiu por “ter ferido os interesses da plutocracia e o baronato brasileiro, onde está o poder real”, completou.
(Com Estadão Conteúdo)
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