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Secretária demitida usou dinheiro do fundo eleitoral na própria empresa

Candidata não eleita a deputada federal em 2018, Katiane Gouvêa gastou R$ 25.600 de sua campanha na Grow Comunicações LTDA, na qual ela é sócia da mãe

Por Edoardo Ghirotto e João Pedroso de Campos
Atualizado em 11 dez 2019, 17h39 - Publicado em 11 dez 2019, 15h30

Katiane Gouvêa, demitida nesta quarta-feira, 11, da secretaria do Audiovisual, gastou 25.600 reais do fundo eleitoral a que teve acesso na eleição de 2018 numa empresa da qual é sócia. O dinheiro público foi destinado para a Grow Comunicação Ltda, que consta na Receita Federal como propriedade de Katiane e de sua mãe, Altina Leonardo de Gouvêa.

A informação está na prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ex-secretária se candidatou em 2018 a deputada federal pelo PSD do Paraná, com o nome de Katiane da Seda. Ela recebeu 960 votos e não se elegeu.

O montante gasto com a Grow em serviços de “criação, comunicação e divulgação” é equivalente a 51% das despesas da campanha de Katiane. Ela recebeu 50.000 reais do fundo eleitoral do PSD e uma doação de 400 reais de Amabili Florencio Celino Borges por meio de “serviços advocatícios na prestação de contas”. A reportagem tenta entrar em contato com a ex-secretária desde a sua demissão, mas ela não respondeu as mensagens enviadas.

Katiane também é irmã do ex-vereador de Londrina Rodrigo Gouvêa, que foi preso em 2009. Ele foi acusado dos crimes de peculato e de constrangimento ilícito por manter uma funcionária fantasma em seu gabinete e por intimidar uma testemunha.

A Secretaria de Cultura informou que o titular da pasta, Roberto Alvim, decidiu demitir Katiane ao tomar conhecimento de que há suspeitas de irregularidades na campanha eleitoral da ex-secretária. “Até que esses fatos sejam devidamente esclarecidos pela autoridade competente, o secretário decidiu por bem, em nome da lisura da coisa pública, afastá-la de suas funções de imediato”, diz o comunicado.

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Também pesou contra Katiane a repercussão negativa envolvendo um caso de censura na Ancine. Foi atribuída a ela a decisão de vetar uma exibição do filme ‘A Vida Invisível’, do diretor Karïm Ainouz, em um programa de capacitação de servidores da agência. O filme foi a produção inscrita pelo Brasil na disputa do Oscar de 2020.

A ex-secretária ficou duas semanas no cargo. Ela se tornou o braço-direito de Roberto Alvim desde o remanejamento da Secretaria de Cultura para o Ministério do Turismo e foi a responsável por várias das indicações para cargos de confiança na pasta, entre elas a do maestro Dante Mantovani para a direção da Funarte. Aluno do polemista Olavo de Carvalho, ele se diz terraplanista e afirma que o rock leva ao aborto e ao satanismo.

Servidores da secretaria do Audiovisual contaram que Katiane não aceitou a demissão e teve de ser retirada do prédio pelos seguranças. Ela deixou o local afirmando que Roberto Alvim é um “traidor”.

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