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Segovia promete não falar mais de investigação sobre Temer

Depois de entrevista polêmica, o diretor-geral da PF foi ao STF para uma audiência com Luís Roberto Barroso, relator do inquérito sobre Decreto dos Portos

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 fev 2018, 22h18 - Publicado em 19 fev 2018, 21h33
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  • Em audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, nesta segunda-feira, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, negou ter intenção de interferir no inquérito que investiga o presidente Michel Temer (MDB) por suposta corrupção envolvendo o Decreto dos Portos e a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos.

    Intimado por Barroso a prestar esclarecimentos após dizer à agência Reuters que a investigação tende a ser arquivada por falta de provas, Segovia afirmou ter tido as declarações distorcidas e se comprometeu com o ministro, relator do inquérito no STF, a não se manifestar mais sobre os fatos em apuração.

    As falas do chefe da PF levaram o grupo de delegados que conduz inquéritos no Supremo a ameaçar acionar a corte caso identifique alguma tentativa de interferência por parte de Segovia.

    Depois da repercussão da entrevista, a Reuters reeditou o texto, esclarecendo que Fernando Segovia não “afirmou” que a tendência do inquérito era o arquivamento, mas, sim, “indicou” esse desfecho à investigação, baseado no estágio atual das investigações.

    O diretor-geral da PF também disse a Barroso que foram “mal interpretadas” suas declarações sobre uma possível apuração contra o delegado da PF Cleyber Malta Lopes em razão dos questionamentos enviados por ele a Temer no âmbito do inquérito. Ao responder às perguntas enviadas pela PF, o presidente se queixou da “agressividade” de algumas delas. “Ele pode ser repreendido, pode até ser suspenso dependendo da conduta que ele tomou em relação ao presidente”, afirmou Segovia à Reuters.

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    “Pessoalmente, o Senhor Diretor-Geral afirmou-me o que brevemente resumo: a) que suas declarações foram distorcidas e mal interpretadas; b) Que em momento algum pretendeu interferir no andamento do inquérito, antecipar conclusões ou induzir o arquivamento;  c) Que não teve a intenção de ameaçar com sanções o Delegado encarregado, tendo também aqui sido mal interpretado; d) Que se compromete a não fazer qualquer manifestação a respeito dos fatos objeto da apuração”, escreveu Luís Roberto Barroso em seu despacho após o encontro.

    A investigação

    O inquérito sobre o Decreto dos Portos foi aberto a partir de grampos telefônicos da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017 com base nas delações de executivos do Grupo J&F, que controla a JBS. Em conversas gravadas, o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures aparece articulando com Ricardo Mesquita, executivo da Rodrimar, sobre o decreto e tratando com integrantes do governo, incluindo o presidente, sobre o assunto.

    O foco da atuação de Rocha Loures, que se notabilizou por ser filmado pela PF correndo com uma mala de propina por uma rua de São Paulo, era estender a flexibilização das concessões portuárias a empresas que tinham contratos anteriores ao ano de 1993, a exemplo da Rodrimar.

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    Em outro diálogo gravado pela PF, entre Rodrigo Rocha Loures e o ex-diretor de relações institucionais da JBS Ricardo Saud, o ex-assessor de Temer sugeriu o nome de Ricardo Mesquita como alternativa para receber o dinheiro da JBS, ideia que não agradou a Saud. Na mesma conversa, Rocha Loures afirma que “Edgar” seria um dos operadores viáveis à coleta das propinas da empresa porque “Yunes” e “coronel” não poderiam mais fazê-lo. Ele se referia ao advogado José Yunes e ao coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, ambos amigos de longa data do presidente.

    Em respostas à Polícia Federal, Temer negou que tenha autorizado Rodrigo Rocha Loures a tratar em seu nome com empresários do setor portuário ou a receber recursos de empresas do ramo em retribuição ao Decreto dos Portos. Ele disse também que não autorizou Yunes e Lima Filho a receber recursos de empresas beneficiadas pelo Decreto dos Portos. O presidente negou conhecer Edgar Safdié, empresário a que, segundo a PF, Rodrigo Rocha Loures se referiu na sugestão a Ricardo Saud.

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