Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Sem o apoio de Bolsonaro, candidatos a prefeito pelo PSL naufragam

A sigla tem quase 200 milhões para gastar nas eleições, mas só uma reviravolta improvável nas próximas semanas vai evitar um vexame na disputa deste ano

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h00 - Publicado em 9 out 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Fundado em 1994, o PSL passou mais de duas décadas no ostracismo da selva partidária brasileira, até fazer uma aposta certeira: acolher o então deputado Jair Bolsonaro na corrida presidencial de 2018. A improvável vitória do capitão anabolizou o partido criado pelo empresário pernambucano Luciano Bivar. O PSL passou a contar, além do presidente da República, com a segunda maior bancada na Câmara (52 deputados federais, entre os quais o próprio Bivar), quatro senadores e três governadores. Mas a festa durou pouco. A escalada de sucesso foi interrompida devido a suspeitas de irregularidades em campanhas e disputas internas, sendo que a principal delas culminou com a saída de Bolsonaro da sigla. Apesar dos reveses, o período de alta ainda deixou um legado importante, que, em teoria, representa uma vantagem na disputa das eleições deste ano: 10,1% do tempo na propaganda gratuita e quase 200 milhões de reais de fundo partidário à disposição de seus candidatos. Tais recursos, no entanto, parecem insuficientes até aqui para evitar um vexame nas urnas em novembro.

    Luiz Lima PSL Candidato a Prefeitura do Rio
    ÓRFÃO - Lima: vice-líder do governo não tem apoio do presidente – (Saulo Angelo/Futura Press)

    A campanha está apenas começando, mas os primeiros sinais já acenderam o sinal vermelho de alerta. Nas treze capitais em que a sigla lançou candidatos, a mais bem colocada nas pesquisas é Vanda Monteiro, terceira posição em Palmas, com 8% das intenções de voto, segundo o Ibope. Em Curitiba, o instituto de pesquisas mostra Fernando Francischini em segundo lugar, mas com apenas 6% da preferência (Rafael Greca, do DEM, tem 47% e pode ganhar no primeiro turno). Nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, os deputados Joice Hasselmann e Luiz Lima têm 1% cada um — os dois tentam ganhar espaço entre o eleitorado de direita contra o deputado Celso Russomanno e o prefeito Marcelo Crivella, respectivamente, ambos do Republicanos e depositários da simpatia do clã presidencial. No caso de Lima, nem o fato de ser vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara lhe garantiu o apoio do presidente.

    A exemplo de outras siglas em má posição no início da disputa, o PSL aposta a maioria de suas fichas em uma virada com o início do horário eleitoral (veja matéria na pág. 44). Especialistas avaliam que o peso da propaganda gratuita e do dinheiro foi menor em 2018 porque a eleição foi atípica, com partidos e a política tradicional desgastados. “Com dinheiro e tempo de TV, o PSL não pode ser desprezado”, avalia o cientista político Carlos Pereira, da FGV. O partido quer convencer os eleitores de que também ficou mais longe das confusões. Depois das suspeitas sobre uso de candidaturas femininas laranjas, o PSL contratou a consultoria Alvarez & Marsal para criar regras de compliance internas e adotou um sistema que libera os recursos só depois de um cadastro detalhado dos postulantes.

    arte-PSL-iphone

    Continua após a publicidade

    Grande parte das dificuldades atuais do PSL está ainda relacionada à saída traumática do presidente, que abriu um rombo político difícil de ser resolvido no partido. Na esteira da deserção de Bolsonaro, os governadores de Rondônia e Roraima deixaram o partido, e o de Santa Catarina está seriamente ameaçado por um processo de impeachment. O PSL na Câmara rachou entre bolsonaristas e bivaristas, e metade da bancada do Senado evaporou, com a saída de Flávio Bolsonaro (RJ) e a cassação de Selma Arruda (MT). A passagem de Bolsonaro pelo PSL teve tamanho impacto na sigla que alterou o perfil de quem se candidata pelo partido. Nas eleições municipais de 2016, 55,5% dos 10 555 candidatos eram pretos e pardos e metade das 162 candidaturas a prefeito se concentrava no Nordeste. Na época, policiais civis, policiais militares, bombeiros e militares aposentados somavam apenas 137 candidatos. No pleito de 2020, o número total de concorrentes saltou para 21 979, dos quais 53,4% são brancos e 616 profissionais ligados à segurança pública. Depois da saída tumultuada do presidente, há negociações pela volta do capitão à sigla, mas elas foram suspensas até a eleição à presidência da Câmara. Nada é garantido. Ao mesmo tempo que manda mensagens de uma possível reconciliação, Bolsonaro flerta firmemente com o Republicanos. Ou seja, não há nenhum fato político no curto prazo que possa influenciar nas eleições de novembro e só uma improvável virada vai evitar uma derrota que pode significar o início de uma queda acelerada. O risco é o PSL caminhar rapidamente de volta ao ostracismo das siglas nanicas.

    Publicado em VEJA de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.