Simone Tebet, a aposta do MDB para entrar no jogo da sucessão
Senadora recebeu da direção partidária a promessa de que, caso não seja formalizada candidata ao Planalto, terá apoio para disputar o Senado
Partido com o maior número de prefeituras no país, o MDB lançará a pré-candidatura de Simone Tebet (MS) à Presidência da República. O anúncio oficial deve ocorrer na segunda quinzena deste mês, em evento que, mantido o roteiro atual, será virtual. Senadora de primeiro mandato e ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet se juntará a mais de uma dezena de postulantes que tentam representar a chamada terceira via na próxima corrida ao Palácio do Planalto. Até agora, nenhum deles decolou nas pesquisas de intenção de voto, que são lideradas com folga por Lula (PT) e por Jair Bolsonaro (sem partido).
O objetivo inicial do MDB é marcar posição e entrar no jogo da sucessão, o que ocorrerá com certo atraso na comparação com outras legendas. Há ainda a tentativa de abafar grupos internos que defendem outras opções, de Lula a Bolsonaro, passando pelo emedebista Michel Temer, que andou se movimentando para ver se poderia ser convocado para a missão. Por enquanto, todas as alternativas estão descartadas, e o MDB apostará em Simone Tebet, até para vender a imagem de que está passando por um processo de renovação.
Nas últimas cinco eleições presidenciais, o MDB só teve candidato uma vez, em 2018, com o ex-ministro e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Se Simone Tebet deslanchar nas pesquisas, alcançado a casa dos dois dígitos, ela pode ser oficializada, no ano que vem, como candidata. Se isso não ocorrer, deve concorrer ao Legislativo ou ser indicada a vice numa outra chapa presidencial. Prestes a se filiar ao Podemos, o ex-juiz Sergio Moro, por exemplo, diz que a senadora é a vice de seus sonhos.
O plano inicial de Simone Tebet, que ganhou visibilidade nacional com sua atuação na CPI da Pandemia, era disputar a reeleição ao Senado. A direção do MDB assegurou que, caso opte pela renovação do mandato parlamentar, ela terá o apoio da legenda. Essa promessa da cúpula partidária facilitou o acordo entre as partes. Resta saber se será cumprida. Quando disputou o comando do Senado com Rodrigo Pacheco, a senadora recebeu o apoio da mesma cúpula partidária, mas não de seus colegas de bancada. Não à toa, Simone Tebet conversou pessoalmente com caciques como Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM) sobre sua pré-candidatura ao Planalto. Até aqui, com exceções de políticos de estados como Ceará e Rio de Janeiro, os correligionários dela estão de acordo com o plano — pelo menos, aparentemente.