Em mais um capítulo da disputa entre a ala militar do governo do presidente Jair Bolsonaro e a ala “ideológica”, influenciada pelo escritor Olavo de Carvalho, o novo presidente da Apex, o contra-almirante da Marinha Sergio Ricardo Segovia Barbosa, demitiu dois secretários da agência que haviam sido indicados pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. As demissões de Letícia Catelani e Márcio Coimbra foram anunciadas nesta segunda-feira, 6, na mesma nota oficial sobre a posse de Segovia, o terceiro a ocupar o cargo desde janeiro.
“A chegada do novo presidente implicará algumas mudanças na Agência, já iniciadas hoje, com a decisão de Segovia de destituir de suas funções os senhores Marcio Coimbra, diretor de Gestão Corporativa, e Letícia Catelani, diretora de Negócios”, diz o comunicado, segundo o qual os nomes dos novos diretores serão informados “em breve”. Coimbra já havia pedido demissão da agência no fim de abril.
Filiada ao PSL, do qual foi secretária-geral em São Paulo, Letícia Catelani influiu, ao lado de Márcio Coimbra, na demissão dos dois antecessores de Sergio Segovia, Alex Carreiro, que presidiu a Apex por apenas uma semana, e o embaixador Mário Vilalva, que passou menos de três meses no posto.
Vilalva deixou a Apex após ter os poderes esvaziados por Ernesto Araújo, um dos principais “olavistas” do governo, que transferiu atribuições a Letícia e Coimbra. Araújo foi indicado ao cargo de chanceler por Olavo de Carvalho, que vive nos Estados Unidos.
Na nota em que a posse de Segovia é anunciada, a Apex afirma que ele tem “reconhecida experiência profissional nas áreas militar, gerencial e governamental” e “trabalhou em análise de inteligência, operações militares e logística”. Segundo a agência, ele também atuou em “gerenciamento de emergência e de riscos, segurança marítima, planejamento estratégico, navegação e operações marítimas”.
“Além disso, na área de comércio exterior, foi responsável pelos processos de logística e de aquisição internacional, quando encarregado do grupo de recebimento de navio no estrangeiro”, diz a Apex.