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Tasso atribui destituição a pressão do Planalto sobre Aécio Neves

Candidato à presidência do PSDB, senador cearense diz que diferenças 'éticas' com Aécio também pesaram na decisão do mineiro

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 4 jun 2024, 19h49 - Publicado em 9 nov 2017, 21h27
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  • Destituído da presidência nacional do PSDB pelo senador Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE), recém-lançado candidato a assumir o comando do partido na convenção de dezembro, afirmou nesta quinta-feira que os motivos pelos quais o mineiro o tirou do cargo são diferenças “profundas” e “irreconciliáveis” entre eles de comportamento ético, político, visão de governo e fisiologismo. Tasso disse que o Palácio do Planalto influenciou no ato de Aécio, que alegou sofrer “pressão”, sem detalhar de quem.

    “Estou desempregado”, ironizou o cearense em entrevista coletiva a jornalistas, em seu gabinete no Senado. Aécio Neves solicitou, numa conversa reservada entre os dois, que Tasso deixasse a presidência interina do partido para que houvesse “equidade” na disputa entre ele e o governador de Goiás, Marconi Perillo, também candidato a presidir o diretório nacional tucano. Tasso se negou a renunciar. Em seguida, Aécio redigiu um comunicado da dispensa, no qual reassumia o mandato do qual estava licenciado desde o escândalo da JBS e logo se afastava, passando a interinidade ao ex-governador paulista Alberto Goldman.

    “Pedi apenas que Aécio falasse comigo com toda franqueza. Que ele, na verdade, não queria que eu fosse candidato nem presidente do partido, que era essa a questão, porque nós temos hoje diferenças profundas, muito profundas. São diferenças conhecidas, desde o comportamento político, comportamento ético, visão de governo, fisiologismo deste governo. Não é que ele seja fisiologista, mas concordar e se omitir é tão grave quanto ser. Eu só queria que Aécio não trouxesse justificativas que não fossem republicanas, porque não são. Eu preferia que ele me afastasse do que eu mesmo pedir (afastamento), para ficarem bem nítidas as diferenças. Acho justo que, tendo essas diferenças profundas, Aécio não me queira como candidato”, declarou Tasso.

    Ele afirmou que Aécio Neves não disse de onde partia a pressão que alegava sofrer para tomar a decisão de tirá-lo do cargo de interino. No seu entender, contudo, houve influência do governo Michel Temer. Tasso defende o desembarque tucano do governo, com entrega dos quatro ministérios que o PSDB ocupa (Cidades, Relações Exteriores, Governo e Direitos Humanos). Aécio prefere manter a adesão a Temer.

    “Aécio não está pensando no coletivo do partido há muito tempo, desde quando está agarrado a essa presidência do partido. Se estivesse pensando, isso não estaria acontecendo hoje, nem essa crise. É mais importante a gente estar unido à voz das ruas, do que apegado às benesses do poder”, criticou.

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    O senador cearense negou que vá se desfiliar, “independente do que aconteça”. “O PSDB desses caras não é o meu PSDB”, afirmou. “Não é do Fernando Henrique, do Mario Covas, do Zé Richa, do Franco Montoro. Não é esse PSDB que está aí”, comparou.

    Tasso Jereissati afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje principal presidenciável do PSDB, foram surpreendidos com a atitude do senador mineiro e que não há possibilidade de conversa. “Foi uma surpresa para todo mundo”, disse. “Não há o que mediar.”

    Ele confirmou que vai manter a intenção de disputar a presidência do PSDB contra Perillo, nome defendido pela ala aecista do partido. “A candidatura continua e até acho que se fortifica nesse momento. Não é fácil enfrentar a estrutura de poder do governo federal, mais o próprio partido. Esse movimento (candidatura) não é só meu, é nosso. É um movimento dentro do partido e o que eles decidirem eu vou acatar. A gente pode fazer um movimento forte dentro do PSDB”, declarou.

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