O presidente Michel Temer (PMDB) decidiu tratar em sigilo a escolha do novo ministro da Justiça para que o tema não contamine a sabatina de Alexandre de Moraes no Senado, nesta terça-feira. Licenciado do Ministério da Justiça desde o último dia 6, Moraes foi indicado por Temer para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF) e seu nome passará pela avaliação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O governo espera que a indicação de Moraes seja votada ainda nesta terça no plenário do Senado e, embora tenha ampla maioria para aprovar o nome na Casa, quer evitar que ruídos em torno do sucessor do ministro causem embaraços na sabatina. Desde sexta-feira, quando o ex-presidente do STF Carlos Velloso recusou o convite para assumir a Justiça – sob a alegação de que tem contratos a honrar, em seu escritório de advocacia –, Temer tenta driblar a disputa entre o PMDB e o PSDB.
A bancada do PMDB na Câmara pressiona o presidente pela nomeação de um mineiro na Justiça e o nome defendido pelo grupo é o do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). Nos bastidores, porém, senadores do partido reclamam das cobranças feitas pelos correligionários da Câmara. Temer tem dito que só escolherá o novo ministro após a sabatina de Alexandre de Moraes mas nos últimos dias conversou com vários aliados, em São Paulo e em Brasília, pedindo descrição.
O vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, tem agora o apoio do senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, para assumir a Justiça. O nome do subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, entrou nesta segunda-feira na bolsa de apostas dos citados para ocupar a pasta.
Além da preocupação em não contaminar a sabatina de Moraes no Senado, Temer também tenta contemplar a bancada do PMDB com outros cargos. O deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), por exemplo, ganhou força para ser o novo líder do governo na Câmara.
(Com Estadão Conteúdo)