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Testemunha da Lava Jato é morta a tiros em cidade da Bahia

José Roberto Soares Vieira ajudou a força-tarefa a rastrear pagamentos ao ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus, alvo da 47ª fase da operação

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 19 jan 2018, 15h35 - Publicado em 18 jan 2018, 15h50

O empresário José Roberto Soares Vieira, 47 anos, que ajudou a força-tarefa da Lava Jato a rastrear pagamentos ao principal alvo da 47ª fase da operação, o ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus, foi assassinado na quarta-feira, 17, na cidade de Candeias, litoral da Bahia. Ex-vice-prefeito de Ourolândia (BA), eleito pelo PT em 2012, ele foi morto a tiros por um homem em uma motocicleta quando chegava à sua empresa. Ninguém foi preso.

No dia 21 de novembro de 2017, data da Operação Sothis, Vieira, que foi alvo de buscas e apreensões, prestou depoimento à Polícia Federal e afirmou que seu ex-sócio e agente público recebia pagamentos de empresas contratadas por subsidiárias da Petrobras sem ter prestado qualquer serviço. O Ministério Público Federal chegou a pedir sua prisão temporária, indeferida pelo juiz Sergio Moro ao deflagrar a operação. Ele chegou a ter seus bens bloqueados.

O ex-gerente da subsidiária da Petrobras foi preso no dia 21. O MPF suspeita que Jesus, seus familiares e intermediários operacionalizaram o recebimento de R$ 7 milhões de propinas pagas pela empresa NM Engenharia, entre setembro de 2009 e março de 2014.

Ex-sócio do ex-Transpetro na JRA Transportes, Vieira ainda disse que a empresa fazia transferências para os parentes do ex-gerente e que era usada para bancar despesas pessoais de Jesus. Com base em seu depoimento, o MPF rastreou pagamentos de R$ 2,3 milhões supostamente em benefício do ex-gerente da Transpetro e pediu a conversão da prisão temporária – por cinco dias prorrogáveis – em preventiva, por tempo indeterminado.

Embasado na delação premiada do empresário Luiz Fernando Nave Maramaldo, que entregou notas fiscais dos pagamentos, e em quebras de sigilo telefônico, telemático e fiscal, o MPF traçou o caminho das supostas propinas desde o caixa da NM Engenharia até a conta bancária do agente público aposentado e de seus parentes.

Os procuradores sustentam que a JRA Transportes e a Sirius, ligadas ao ex-gerente da Transpetro, eram usadas para o recebimento de propinas da NM. Além da NM Engenharia, o ex-sócio de Jesus revelou à PF que outras prestadoras de serviços de subsidiárias da Petrobras faziam pagamentos à JRA, como foi o caso da Meta Manutenção. De acordo com Vieira, os pagamentos da Meta eram ainda maiores do que os da NM Engenharia alvo da 47ª fase da Lava Jato, e nunca houve prestação de serviços.

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