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Troca-troca de partidos movimenta mais de 10% dos deputados

Até sexta-feira, véspera do fim da janela que permite mudar de legenda sem punição, 48 tinham trocado de legenda; partido de Bolsonaro é o que mais cresceu

Por Marcelo Soares
Atualizado em 9 abr 2018, 15h20 - Publicado em 9 abr 2018, 15h03
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  • Mais de um a cada dez deputados federais aproveitou as últimas semanas para “pular” a janela partidária, nome dado ao período em que podem trocar livremente de partido visando as eleições de outubro.

    Até o fechamento da janela partidária, 60 deputados trocaram de sigla, em comparação com a listagem do dia 6 de março. A Casa tem 513 parlamentares; os migrantes representam 11,6% disso. Apenas o PSOL não ganhou e nem perdeu ninguém, continuando com seis deputados. No Rio de Janeiro, que vive forte crise política, mais de um a cada três deputados trocou de bandeira no último mês. 

    A estratégia da janela partidária leva em conta diversos fatores práticos. 

    Na primeira eleição federal com proibição às doações empresariais, os fundos partidário e eleitoral são cruciais para garantir recursos para campanhas – e a divisão do bolo depende do tamanho original da bancada. O tempo de televisão também depende de quantos deputados a sigla tinha no momento da posse, em 2015. Nessa lógica, partidos grandes levariam a vantagem.

    O campeão nacional do fundo partidário é o PT, que começou o mandato sendo situação. Em 2017, a sigla recebeu R$ 88,4 milhões do fundo, que é composto por recursos públicos e dinheiro de multas eleitorais. Afastado do poder e com os problemas judiciais de sua maior estrela, perdeu dois deputados e ganhou apenas um.

    O recém-chegado é o ex-ministro Celso Pansera, papagaio de pirata do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante o processo de impeachment e citado pelo doleiro e delator Alberto Youssef na Lava Jato como chantagista. Em nome de suas credenciais de homem de esquerda, diga-se que o novo petista já foi filiado até ao PSTU no passado.

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    Com o retorno à Câmara de Sibá Machado, Michel Corrêa e Odair Cunha, o partido saiu com dois deputados a mais do que tinha no começo: 57. Após as perdas do PMDB, o PT fecha a janela como a maior bancada da Câmara.

    Impopular

    O fundo partidário acaba não pesando tanto quando um partido grande está atrelado a governos impopulares.

    Em números absolutos, quem mais perdeu deputados foi o MDB do presidente Michel Temer, até março o partido de maior bancada na Câmara e segundo maior fundo partidário do país em 2017 (R$ 73 milhões).

    O partido perdeu 11 dos seus 58 deputados e, mesmo trazendo de volta quatro figurões (incluindo os ex-ministros Leonardo Picciani e Osmar Terra), deixou de ser a maior bancada da Casa.

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    A sangria emedebista foi mais forte no Rio de Janeiro. Em 2014, o partido elegeu oito deputados no estado. Ainda era a época dos grandes eventos, antes da forte crise política atual. Ao longo da legislatura, o partido teve um ex-governador e um ex-presidente da Câmara hospedados na cadeia.

    No último mês, seis deputados federais do MDB fluminense mudaram de partido, formando a maioria da sangria que o partido não conseguiu estancar.

    Dois deles foram para o Democratas, do pré-candidato a presidente da República Rodrigo Maia (RJ). O partido foi quem mais atraiu deputados na janela. Seus 9 novos membros incluem Heráclito Fortes (PI), que se tornara socialista em 2014, e João Paulo Kleinübing (SC), que migrou para o PSD quando o partido foi criado por Gilberto Kassab como uma sigla “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. O ex-ministro Mendonça Filho ajudou a engordar a bancada ao voltar à Casa.

    Puxadores de votos

    Em alguns casos, o tamanho da bancada pesa menos que a chegada de puxadores de voto. São aqueles candidatos que, seguindo a tradição inaugurada por Enéas Carneiro em 2002 e consagrada por Tiririca em 2010, terão votação suficiente para eleger vários outros em sua carona. A migração acaba sendo uma aposta no futuro.

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    Aqui, o partido que mais ganhou parlamentares foi o nanico PSL: mais do que triplicou de tamanho. No começo de março, a legenda tinha 3 deputados e esperava chegar a 20 parlamentares na carona dos novos filiados, o vice-líder nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República Jair Bolsonaro, e seu filho Eduardo. Perdeu um deputado, atraiu alguns membros da “bancada da bala” e chegou a 11, pouco mais da metade da meta. Ainda assim, saiu maior do que entrou.

    Já o PSC, sigla de origem dos Bolsonaros, viu seu número de deputados cair à metade – de 10 para 5 parlamentares. Além do presidenciável, perdeu o pastor Marco Feliciano, outro puxador de votos, que foi para o Podemos, antigo PTN, que deve lançar o ex-tucano e ex-PR Alvaro Dias candidato a presidente.

    O troca-troca partidário, de olho em outubro, deve ter pouca influência no dia-a-dia da Câmara nos oito meses que restam de mandato aos deputados.

    Nos próximos meses, os partidos estarão focados nas articulações de candidaturas, e quem é candidato já está menos presente – caso de Jair Bolsonaro, que passou a faltar a sessões com maior frequência para poder participar de eventos de pré-campanha pelo Brasil. Quem pulou a janela está de olho é em outubro.

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