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TSE aprova candidatura de Bolsonaro mesmo ele sendo réu

Dois advogados entraram com pedidos para barrar o candidato do PSL citando ações nas quais ele é processado pelos crimes injúria e incitação ao estupro

Por Da Redação
Atualizado em 6 set 2018, 11h48 - Publicado em 6 set 2018, 11h20

O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou na manhã desta quinta-feira (6) a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. Por 7 votos a 0, os ministros entenderam que o fato de Bolsonaro ser réu em dois processos por injúria e incitação ao estupro não o impede de disputar o cargo de presidente.

“Não se acolhe a notícia de inelegibilidade calcada na circunstância de o candidato figurar na condição de réu à míngua [pela falta] de previsão legal”, afirmou o relator do pedido, o ministro Og Fernandes, acompanhado por unanimidade pelos colegas. Fernandes também votou por rejeitar um segundo pedido, com a mesma argumentação, feito fora de prazo. Os advogados Rodrigo Ancora da Luz e Enio da Silva Mariano eram autores dos pedidos.

Em entrevistas recentes, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a candidatura de um candidato réu “gera insegurança jurídica”, uma vez que a Constituição determina que presidentes que se tornem réus devam ser afastados do cargo — e, portanto, haveria dúvidas se seria possível assumir a Presidência já nesta condição.

Para os sete ministros presentes hoje ao TSE, responder a ação penal não elimina o direito de ser candidato.

Com a análise do candidato do PSL, o Tribunal já deliberou sobre os pedidos dos treze candidatos que se registraram para disputar a Presidência. Doze foram autorizados e um, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi vetado por ele ser condenado em segunda instância, o que fere a Lei da Ficha Limpa. Lula recorre da decisão ao STF com base em uma liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU.

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Ações

Jair Bolsonaro se tornou réu em duas ações que tramitam no STF por duas citações a outra parlamentar, a deputada Maria do Rosário (PT-RS). A primeira vez foi em 2003, quando os dois divergiam em uma discussão sobre redução da maioridade penal. Chamado de “estuprador” pela petista, Bolsonaro respondeu que não estuprava a parlamentar, porque ela “não merece”.

Em 2014, o deputado voltou a dizer que ela não era “merecedora” dessa violência, emendando que Maria do Rosário era “feia” e não “faz meu gênero”. “Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”, afirmou, em entrevista ao jornal Zero Hora. Jair Bolsonaro foi denunciado por incitar o estupro e se tornou réu pelo entendimento de que as suas declarações não estão contempladas pela sua imunidade parlamentar.

Denúncia por racismo

Neste ano, o candidato do PSL pode se tornar réu pela terceira vez. Ele foi denunciado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pelo crime de racismo, por frases ditas durante uma palestra no Clube Hebraica, em 2017.

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No discurso, de cerca de uma hora, ele teria usado “expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais”, nas palavras de Dodge. Entre elas, uma em que disse que as comunidades tradicionais quilombolas “não fazem nada” e “só servem para procriar”.

Esta denúncia está com o julgamento empatado na Primeira Turma do Supremo. Votaram pela rejeição o relator, Marco Aurélio Mello e o ministro Luiz Fux; para aceitar a denúncia, os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. O processo está neste momento para análise do ministro Alexandre de Moraes, que pediu vista e suspendeu o julgamento.

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