Ainda que com nova roupagem ou novo nome, o governo pretende trazer de volta a extinta CPMF, que incide sobre transações financeiras. VEJA teve acesso a um documento do Ministério da Economia que detalha as alíquotas que o governo deve apresentar como alternativa ao fim de seis impostos federais. De acordo com os planos do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, a Contribuição sobre Pagamentos (CP) seria instituída em até seis meses depois de uma possível aprovação do texto, com uma alíquota de 0,19% para, gradativamente, chegar a um tributo de 0,67% ao fim de dois anos para compensar a extinção dos encargos sobre a folha de pagamento de empregados.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) adiantou que a ideia enfrentará resistência entre os deputados, que já discutem uma proposta de reforma tributária sem o infame “imposto do cheque”. Crítico da CPMF durante a campanha eleitoral e quando estava na oposição, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) admite agora “ouvir a opinião” do ministro Paulo Guedes sobre o imposto. “Se desburocratizar muita coisa, eu estou disposto a conversar”, disse. O presidente não é o único integrante do governo que já se manifestou contra a cobrança e agora têm de conviver com opiniões do passado que vão de encontro à proposta da equipe econômica no presente.
Seus três filhos parlamentares, ministros e deputados da base de apoio também já condenaram o imposto. Em 2015, quando era deputado federal, o atual ministro-chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni, chamou a volta da CPMF de “a cara do petismo”. Osmar Terra (Cidadania) chamou a cobrança de “indefensável” em 2010. Em fevereiro de 2016, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) prometia que, se dependesse dele, a CPMF não voltaria. O senador Flavio Bolsonaro convidou seus seguidores para um abaixo-assinado contra a taxa em 2010. Para a líder do governo na Câmara, Joice Hasselmann, a contribuição era um “fantasma” em 2011 — hoje ela admite o imposto em substituição a outros tributos.
Veja o que os governistas já falaram sobre a CPMF: