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Vivendo em Barcelona, Jean Wyllys anuncia saída do Psol e filiação ao PT

Em entrevista a VEJA, o ex-deputado federal diz que Lula é o único capaz de vencer Bolsonaro nas urnas das próximas eleições presidenciais

Por Jana Sampaio Atualizado em 21 Maio 2021, 10h29 - Publicado em 20 Maio 2021, 19h23
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  • Depois de assistir com entusiasmo à vitória do presidente norte-americano Joe Biden e a devolução dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jean Wyllys decidiu voltar à cena política. Para isso, o ex-deputado federal, de 47 anos, anunciou a VEJA sua saída do Psol e a filiação ao PT, marcada para a próxima segunda-feira, 24. Além dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e da deputada federal Gleisi Hoffmann, à frente da legenda, a cerimônia online contará com a participação de nomes internacionais de peso, como Geneviève Garrigos, ex-presidente da Anistia Internacional francesa; a prefeita de Barcelona, Ada Colau; o ativista de direitos LGBT James Green; a deputada Marisa Matias, do Parlamento Europeu; e Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco, morta em março de 2018.

    Exilado na Europa há mais de dois anos, Wyllys explica a decisão: “As pesquisas mostram que Lula é o único capaz de tirar Bolsonaro do poder. Decidi me filiar ao partido para fortalecer ainda mais sua candidatura. Agora é hora formar uma frente democrática, e não fragmentá-la”. Eleito deputado federal pelo Psol do Rio de Janeiro por três vezes, Wyllys comunicou sua saída ao presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, após a legenda lançar o deputado federal Glauber Braga como pré-candidato à presidência.

    Segundo ele, nenhum dos nomes apresentados pela esquerda, como o ex-colega de sigla, o ex-ministro Ciro Gomes ou o governador do Maranhão, Flávio Dino, podem ser considerados enquanto terceira via, uma vez que a última pesquisa do Datafolha colocou o ex-presidente Lula liderando a corrida presidencial de 2022, com 55% de intenções de votos. “Quando decidi me candidatar em 2010, o Psol era o partido do Rio de Janeiro com o qual mais me identificava, mas com o tempo, essa relação foi se desgastando. Não acredito que esse seja o momento de brincar, lançando um pré-candidato que pode não ter condições de enfrentar Bolsonaro”, considera.

    Dedicado ao doutorado em Ciências Políticas pela Universidade de Barcelona, custeado por uma bolsa de estudos da fundação Open Society, Wyllys diz que só pretende voltar ao Brasil quando sentir que sua integridade física não está em risco. “Há quem diga que renunciei ao meu terceiro mandato e saí do país porque quis, mas a verdade é que estava sendo vítima de uma série de ataques contra a minha vida. Marielle era minha amiga, companheira de partido, morava na mesma cidade que eu e foi executada sem nunca ter recebido uma ameaça sequer”, recorda Wyllys.

    Diferente do que muitos podem pensar, Wyllys não pretende voltar a se candidatar a um cargo eletivo nem vislumbra ser nomeado a um cargo dentro do governo, caso Lula vença o pleito do ano que vem. Sua ideia é ajudar a elaborar um programa de governo que se comprometa com a agenda econômica sustentável, a defesa dos Direitos Humanos e o combate à disseminação de informações falsas, as chamadas fake News – das quais ele próprio foi vítima. “Da politica ampla não vou sair nunca, até porque sou um estudioso que analisa o que vem acontecendo no Brasil, mas não tenho o desejo de voltar a concorrer”, justifica.

    Vivendo hoje em Barcelona e cumprindo uma quarentena rígida em virtude do novo coronavírus, o ex-parlamentar estava no campus da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, quando a pandemia foi declarada. Professor convidado do Instituto de Pesquisa Afro-Latino Americano, Wyllys conta que aqueles meses foram fundamentais para decidir voltar à cena política. “Tive uma crise de pânico achando que nunca mais veria minha mãe viva. Quero ajudar a reconstruir o Brasil justamente para que eu possa vê-la novamente”, diz ele, que pretende ainda concluir sua tese de doutorado no ano que vem e transformá-la em livro.

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