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Vizinhos de Sergio Moro aprovam Lava Jato e repelem petismo

No Bacacheri, bairro de classe média de Curitiba, onde o juiz reside, moradores avaliam positivamente o trabalho do magistrado; por ali, Lula não tem vez

Por Guilherme Voitch Atualizado em 17 Maio 2018, 17h16 - Publicado em 16 Maio 2018, 21h21

Desde a eclosão da Operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro, que conduz as investigações, tornou-se a principal figura do Bacacheri, bairro pacato na Zona Norte de Curitiba (PR), com cerca de 24.000 moradores. Ele é praticamente uma unanimidade entre seus vizinhos, que aprovam o seu trabalho.

Já quando o assunto é política, o posicionamento comum é o antipetismo, algo ainda mais aflorado do que no restante da cidade. Nas oito seções eleitorais do Clube Duque de Caxias, o mais próximo da residência do magistrado e onde ele mesmo vota, Aécio Neves (PSDB) bateu 82% dos votos válidos contra 18% de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno da eleição presidencial de 2014, ano em que a força-tarefa sobre os desvios na Petrobras foi deflagrada. Na capital paranaense como um todo, o tucano fez 72% contra 28% da petista.

“Quem colocou a gente na situação ruim em que estamos, me desculpe a franqueza, foi o PT“, diz o aposentado Noel Tavares, 60. Depois de deixar o trabalho na lavoura do algodão, no Norte do Paraná, Tavares foi morar com a família no bairro de Moro há dez anos. Diz não estar interessado nas próximas eleições — “não sei nem os nomes dos candidatos” — , mas garante aprovar o trabalho do juiz. “Está certo. Tem de apertar esse povo mesmo”, afirma ele, que vê o vizinho famoso de quando em quando, caminhando no parque ou na padaria.

Vitoria Perini, 22, trabalha na panificadora da família, que fica no bairro do magistrado. “Ele é discreto e tranquilo, mas tem um pessoal que sempre pede para tirar foto. Ele cumprimenta todo mundo, mas não gosta de foto”, diz. Para ela, a Lava Jato é importante para mudar o cenário político brasileiro, mas não vê o futuro com otimismo. “É um passo que está sendo dado, mas é um processo longo. Se o Lula não estivesse preso talvez até fosse eleito, né?”, questiona. Vitória ainda não tem candidato, não “parou pra acompanhar com calma”.

O mecânico Carlos Cortellete Belli, 60 anos, também não escolheu em quem votar e afirma não lembrar em que votou nas últimas eleições. “Só sei que na Dilma e no Lula eu nunca votei”, garante ele, que mora no mesmo lugar desde que nasceu. É uma casa de alvenaria, com uma oficina mecânica anexa, perto de onde Moro vive com a esposa e os filhos. É uma construção bastante comum por ali. No bairro, casas antigas dividem espaços com prédios menores, de até oito andares.

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Como os colegas do bairro, Belli aprova o trabalho do vizinho e não vê o futuro com esperança. “Ele está fazendo a parte dele, mas tem muitos outros pra prender. Vai ser meio difícil consertar isso, porque é muita corrupção. Vai desde o vereador até lá em cima, nos mais poderosos”, diz.

O professor universitário Carlos Roberto Oliveira de Almeida Santos, 54, classifica a carreira do juiz como “brilhante”. “É estudioso e sempre buscou se especializar”, diz. Ele conta ter tido proximidade com o magistrado há algum tempo. “Nossos filhos treinavam na mesma escola de futebol. Por isso ficávamos lá conversando. Falávamos de amenidades, dos nossos trabalhos e principalmente do futebol dos meninos”, recorda.

Conforme a Lava Jato ia crescendo, a participação de Moro na escolinha foi diminuindo, conta Santos. “Ele chegou a ir algumas vezes já com seguranças por perto. Aí parou. Não foi mais. Não sei se o menino dele ainda faz a escolinha de futebol.”

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Santos é filiado a um partido político e pretende dar seu voto a todos os candidatos da legenda. “Vou votar no João Amoêdo e nos outros candidatos do Novo. Eu me identifiquei com a linha liberal do partido, que além disso não usa fundo partidário, algo que eu concordo. Os partidos que vão procurar seus recursos com seus filiados e simpatizantes”, explica.

Carlos Roberto Oliveira de Almeida Santos, 54 anos, professor e gestor universitário
O professor universitário Carlos Roberto Oliveira de Almeida Santos, 54, vai votar em todos os candidatos do partido Novo (Vagner Rosário/VEJA.com)

Já o marceneiro Luis Carlos Klos, 53, eleitor de Marina Silva na eleição de 2014, diz que não deve repetir o voto na candidata da Rede. “Infelizmente, ela é o tipo de pessoa que some. Acontece que se alguém quiser fazer alguma coisa nesse país vai ter de se expor”, ressalta ele, que morou a vida toda na mesma casa, próxima ao prédio de Moro. Para 2018, garante não ter candidato. “Desses que se apresentam não tem nenhum que empolgue.”

Luiz Carlos Kloss, marceneiro
Eleitor de Marina Silva em 2014, o marceneiro Luis Carlos Klos, 53, não deve repetir o voto na candidata da Rede (Vagner Rosário/VEJA.com)
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