O que papa Francisco pensava sobre a morte? Livro ainda inédito revela
Pontifice escreveu prefácio de obra de cardeal Angelo Scola sobre envelhecimento

“Um novo começo”. Era assim que Papa Francisco definia a morte. A revelação se deu no prefácio do livro “À espera de um novo começo. Reflexões sobre a velhice”, de Angelo Scola, cardeal emérito de Milao, ainda inédito. O Papa enviou o texto para o amigo pouco antes de ser internado no Hospital Gemelli, sendo portanto, um de seus últimos escritos.
“A própria conclusão destas páginas de Angelo Scola, que são uma confissão sincera de como ele está se preparando para o encontro final com Jesus, nos dá uma certeza reconfortante: a morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo , como o título sabiamente destaca, porque a vida eterna, que aqueles que amam já experimentam na Terra nas ocupações de cada dia, é começar algo que nunca terminará. E é justamente por isso que se trata de um “novo” começo, pois vivenciaremos algo que nunca vivenciamos plenamente: a eternidade”, escreveu o pontífice.
Scola participou do Conclave que elegeu Francisco em 2013 e era um dos cardeais apontados como favoritos para suceder Bento XVI. Representante de uma ala mais tradicionalista da Igreja, no entanto, acabou sendo isolado pelo desejo de novos ares do colegial cardenalício.
Sem citar que estiveram em trincheiras opostas no processo de votação, Francisco, em seu texto, faz certa concessão intelectual ao cardeal italiano, que era grande admirador de dois dos principais teólogos da Igreja Católica, o suíço Hans Urs von Balthasar e o alemão Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI.
“Nos argumentos deste irmão bispo, ouço ecos da teologia de , uma teologia “feita de joelhos”, imbuída de oração e de diálogo com o Senhor. Por isso eu disse acima que estas são páginas que nasceram “do pensamento e do afeto” do Cardeal Scola: não só do pensamento, mas também da dimensão afetiva, que é a que se refere a fé cristã, sendo o cristianismo não tanto uma ação intelectual ou uma escolha moral, mas sim o afeto por uma pessoa, aquele Cristo que veio ao nosso encontro e decidiu nos chamar de amigos”, afirmou.