Nascida em Kansas City, no conservador Estado americano do Missouri, portanto no subúrbio do roteiro fashion, Katherine Brosnahan cursou jornalismo e trabalhou como repórter de moda de uma revista sem projeção até decidir fundar uma grife de acessórios. A premissa da menina interiorana era simples: criar bolsas práticas para clientes adultas. Batizou o negócio de Kate Spade New York, em referência à cidade para onde havia se mudado. A marca conquistou uma legião de fãs logo de cara, em 1993. O sucesso das carteiras e bolsas motivou a proliferação de novos produtos, como vestidos, camisetas, sapatos, papel de parede e mobiliário doméstico. Como dinheiro atrai dinheiro, ela abriu também a Jack Spade, destinada aos homens.
Kate alinhavou roupas de acabamento impecável, mas sem grandes arroubos estéticos. Conquistava a mulher que desejava aparecer linda sem querer estar no centro das atenções. Não cobrava valores exorbitantes como os do segmento de luxo. Uma bolsa de couro poderia sair por 1 000 reais. Em 2006, ela vendeu a empresa por 60 milhões de dólares ao grupo Neiman Marcus. Hoje, a companhia tem mais de 350 lojas no mundo e está avaliada em 1 bilhão de dólares. A butique de São Paulo fechou as portas em 2015, numa das várias crises enfrentadas pelo país.
Depois de cumprir quarentena para não competir com a empresa para a qual vendera sua criação, Kate abriu a marca Frances Valentine, em homenagem à sua única filha, Frances Beatrix, em 2016. Adepta de roupas alegres e tendo o sorriso como seu melhor acessório, Kate usou essa aparente festividade para mascarar crises de depressão e bipolaridade. Na terça-feira 5, a estilista foi encontrada morta em seu apartamento nova-iorquino da sofisticada Park Avenue. Ela se enforcou com um cachecol vermelho preso à maçaneta da porta. A última campanha de sua marca vinha com uma pergunta: “Where’s Kate?” (Onde está Kate?).
A voz de um príncipe
Nos anos 50, o cinema começava a se diversificar para além dos dramas e dos musicais. Obras de ficção científica tornavam-se populares. Surgiam nas telas os primeiros desenhos da Disney. O ator americano William Phipps participou desses dois universos. Atuou em clássicos do gênero sci-fi, como Guerra dos Mundos (1953) e O Terror do Himalaia (1954). E ganhou destaque ao dublar o Príncipe Encantado, o grande amor de Cinderela na animação homônima de 1950. O filme marcou a indústria por ter apresentado um amor espontâneo, quase real, entre os personagens — algo que não se via em animações clássicas como Branca de Neve (1937). Phipps morreu aos 96 anos, na sexta-feira 1º, em decorrência de um câncer de pulmão.
A paz imposta pelas armas
De 1987 a 1989, Frank Carlucci foi secretário de Defesa do governo de Ronald Reagan. Posicionou-se a favor do aumento de gastos militares, no contexto da Guerra Fria com a União Soviética. A ideia era forçar Mikhail Gorbachev a negociar com o Ocidente. “As armas tiveram impacto psicológico decisivo. Se não houvesse esse reforço militar, não creio que a Guerra Fria tivesse acabado tão depressa”, afirmaria. Ele pavimentou a carreira na Casa Branca com seu desempenho como embaixador americano em Portugal no período posterior à chamada Revolução dos Cravos, em abril de 1974. Alguns meses depois de militares portugueses derrubarem a ditadura de direita em Lisboa, o então secretário de Estado, Henry Kissinger, demitiu o embaixador dos EUA e enviou Carlucci para impedir que Portugal fosse o primeiro país da Europa Ocidental a se tornar comunista. Conseguiu, e ajudou o socialista Mário Soares a assumir o poder. Carlucci morreu de complicações de Parkinson, no domingo 3, aos 87 anos.
Publicado em VEJA de 13 de junho de 2018, edição nº 2586