Os políticos oposicionistas na Venezuela emergiram ainda mais enfraquecidos das eleições regionais do domingo 15. Os partidários do ditador Nicolás Maduro venceram em nada menos que dezoito dos 23 estados do país. O anúncio foi feito pelo Conselho Nacional Eleitoral, dominado por chavistas. Apesar dos numerosos indícios de fraude, a oposição, dividida, não encontra alternativas para barrar os desmandos de Maduro. Os oposicionistas sabiam que participar do pleito era arriscado, pois Maduro já havia desrespeitado as regras no passado. Nos últimos doze meses, ele manobrou para evitar um referendo que poderia removê-lo da Presidência, postergou as eleições regionais, massacrou manifestações e instalou uma Assembleia Constituinte convocada ilegalmente. Mesmo com tudo isso, parte da oposição decidiu participar das eleições. E, em troca, colheu o repúdio da população.
Entre abril e agosto, os venezuelanos se lançaram às ruas em protestos diários contra a ditadura chavista, com um saldo de mais de 5 000 detidos e 160 mortos. A oposição, porém, não conseguiu canalizar o esforço popular para estratégias bem-sucedidas. O prognóstico para o país, que enfrenta desabastecimento de remédios e comida e inflação na casa dos 650% ao ano, segue ruim. “A via eleitoral como instrumento de mudança não existe mais”, diz Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP.
Publicado em VEJA de 25 de outubro de 2017, edição nº 2553