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“A monarquia é só rótulo”

Membro da família real brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança diz em livro que o país saiu dos trilhos ao se afastar da cartilha liberal do Império

Por Renato Onofre Atualizado em 15 set 2017, 21h52 - Publicado em 15 set 2017, 06h00
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  • Seu livro, publicado pela Novo Conceito, questiona no título: Por que o Brasil É um País Atrasado? Qual a resposta? Historicamente, a percepção geral fomentada pelos agentes do governo e por setores da sociedade é que se trata de um defeito do povo brasileiro. Somos bombardeados com um mantra de que o atraso é um problema cultural intrínseco à nossa etnia e religião. Não tem nada a ver. Somos atrasados porque nossas oligarquias tomaram decisões que nos levaram para o caminho errado.

    Que decisões? Começou a dar errado no fim do século XIX, quando a oligarquia deu um golpe de Estado e assumiu o poder por meio da Proclamação da República. Ali se jogou fora a Constituição mais liberal que o Brasil já teve. Pedro I organizou um Estado com separação de poderes, direito do indivíduo e de propriedade. Era um Estado liberal na sua essência.

    O senhor diz que o modo como o Estado brasileiro se organiza é o problema. Qual seria a saída? A solução é um Estado mínimo, descentralizado, com unidades federativas autônomas.

    A volta da monarquia seria um caminho? O movimento monarquista cresceu muito. Em 1993 (ano do plebiscito que manteve o sistema presidencialista), eu estava seguindo meus tios e dava para ver que não era ainda um movimento orgânico. Era cedo. Desde então, ampliou-se em alguns setores uma boa percepção sobre a monarquia. Mas a família imperial passou a ser vista em revistas de socialites, como uma Caras. A monarquia não é isso.

    Afinal, o senhor defende a volta da monarquia? Minha militância é por uma estrutura de poder de sucesso. Não necessariamente a monarquia. Ela só caberia se viesse como uma base disso. Meu avô foi chamado pelos militares, em 1967. Eles pegaram o avião, pousaram na fazendinha dele lá no Paraná e o convidaram para ser um novo monarca em um novo sistema. Ele disse não. Tinha a noção de que não poderia ser algo imposto. A volta teria de ser por aclamação popular.

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    Alguma chance de haver aclamação? No momento, o movimento que meus tios lideram não está organizado, nem tem recursos para surtir efeito. Eles já estão velhinhos. É uma situação limitante.

    Daria certo? O que importa não é ser monarquia ou República, mas a estrutura de poder por trás do regime. A monarquia é só rótulo.

    Publicado em VEJA de 20 de setembro de 2017, edição nº 2548

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