Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

A tripulação sumiu

Noruegueses desenvolvem o primeiro navio elétrico e autônomo do mundo. A embarcação vai carregar até 120 contêineres e navegará sem marinheiros

Por Giovanni Magliano Atualizado em 1 set 2017, 06h00 - Publicado em 1 set 2017, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Antes dos aviões, dos trens-bala e da internet, foram os navios que encurtaram as distâncias e fizeram deslanchar a primeira onda da globalização, há mais de cinco séculos, na era das grandes navegações. Mais recentemente, graças aos contêineres, uma invenção tão singela quanto revolucionária, o transporte marítimo passou por um novo salto evolutivo. A padronização propiciada pelos baús metálicos, usados a partir dos anos 1950, fez com que as cargas fossem facilmente transferidas de navios para trens e caminhões. Graças à queda nos custos, diferentes partes de um produto (carro ou celular) podem ser fabricadas em diversos países. A cada ano, 10 bilhões de toneladas de mercadorias são transportadas pelos oceanos. Agora, o transporte marítimo está prestes a embarcar em uma nova transformação. Vêm aí os navios autônomos: eles zarpam, navegam e atracam sem capitão nem marinheiros.

    Diversas companhias disputam a liderança no desenvolvimento de carros autônomos. No mundo náutico, a primazia caberá aos noruegueses. A Yara International, fabricante de fertilizantes, e a Kongsberg, empresa de tecnologias náuticas, desenvolveram o Yara Birkeland, navio de carga movido a energia elétrica que dispensa a tripulação. A ideia de investir no barco, já apelidado de “Tesla dos mares”, em referência à fabricante de carros elétricos, surgiu a partir de um problema logístico da Yara. Cem caminhões carregados de fertilizantes saem, diariamente, de uma de suas maiores unidades de produção, em Porsgrunn, com destino aos portos de Brevik e Larvik. “São 40 000 viagens de caminhão por ano, cruzando cidades pequenas, gerando barulho e poluição. Além dos riscos operacionais, é um grande dano ambiental”, diz Lair Hanzen, presidente da Yara Brasil.

    O investimento na construção do Yara Birkeland consumiu 25 milhões de dólares. Trata-se do triplo do valor de um navio convencional de porte semelhante. Com o tempo, o custo tende a diminuir, e, além disso, a empresa poupará outras despesas operacionais, pelo fato de a embarcação dispensar o trabalho da tripulação. O benefício ambiental, entretanto, será considerável: 700 toneladas de gás carbônico a menos, por ano, na atmosfera. A Noruega, país que enriqueceu pela exploração do petróleo, tem se notabilizado pelo incentivo ao fim dos motores a combustão. Os carros movidos a gasolina e diesel deverão ser banidos do país até 2025.

    YARA-AUTONOMO
    (Arte/VEJA)

    O Yara Birkeland foi modelado para fazer apenas um trajeto curto, de navegação de cabotagem. As operações estão programadas para começar no segundo semestre de 2018, com uma pequena tripulação a bordo, até o funcionamento completamente autônomo, em 2020. Outras empresas têm se dedicado a desenvolver a tecnologia necessária para dar início à era na navegação oceânica. A britânica Rolls-Royce planeja pôr navios operados remotamente em mar aberto em 2025. “A operação autônoma trará ganhos na segurança e na eficiência”, afirma Simon Kirby, gerente de comunicações da companhia. Segundo um relatório publicado pela seguradora Allianz em 2012, entre 75% e 96% dos acidentes marítimos são causados por erros humanos, muitas vezes pelo cansaço da tripulação.

    Continua após a publicidade

    A novidade deve demorar a chegar por aqui. “Os portos ainda apresentam falhas básicas, como pouca profundidade”, diz Décio Tarallo, sócio da Prosperity, consultoria de logística. A infraestrutura do Brasil não ajuda, mas o grande obstáculo para a navegação autônoma deve vir mesmo é dos sindicatos de estivadores, práticos e outros trabalhadores portuários — cujas profissões, como tantas outras, correm o risco de em breve ser substituídas pelos robôs.

    Publicado em VEJA de 6 de setembro de 2017, edição nº 2546

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.