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Pré-candidato ao Palácio do Planalto, presidente do BNDES é repreendido por criticar o governo em que trabalha — e pode estar com os dias contados no cargo

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 18h31 - Publicado em 24 nov 2017, 06h00

Na terça-feira 21, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, foi convocado pelo presidente Michel Temer para uma reunião no Palácio do Planalto. No encontro, que não constava na agenda, Temer, com seu estilo discreto, avisou Rabello de que havia muita gente querendo sua cabeça e que a exposição como pré-­candidato a presidente da República poderia prejudicar seu trabalho à frente do BNDES. Ele estava recebendo um ultimato, mas se fez de desentendido. Temer estava se antecipando à propaganda partidária do PSC, que foi ao ar horas depois. Rabello foi a estrela do programa, fez críticas à situação econômica e questionou: “O que anda mal?”. Disse ainda que os impostos e as taxas de juros eram altas demais e faltava crédito aos consumidores, e traçou um cenário desanimador: “O Brasil não precisa continuar sofrendo com a falta de emprego, com a falta de oportunidade”.

As declarações do comandante do BNDES irritaram não apenas Temer, mas também o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, outro nome presidenciável, que ironizou: “Se ele está querendo ocupar o território da oposição, vai encontrar uma área bem congestionada”. Os dias de Paulo Rabello à frente do banco de fomento podem estar contados. Não é a primeira vez que Meirelles e ele entram em rota de colisão. Um mês após assumir o cargo, Rabello criticou publicamente os parâmetros estabelecidos pela equipe econômica para fixar as taxas de juros dos empréstimos do BNDES. Pouco tempo depois, ele se envolveu em mais um atrito, ao se opor à transferência de recursos do banco para o Tesouro Nacional. “O BNDES não tem tanto cheque para passar para a viúva”, afirmou, produzindo um novo entrevero com Meirelles.

Há dias, num evento promovido pelo PSC na Bahia, Rabello disse que era “candidato a fazer o Brasil ficar melhor” e, empolgado, disparou: “Vamos desintoxicar a política brasileira, passar por um processo de limpeza, de higienização”. O governo, claro, não gostou do que ouviu. A VEJA, o presidente do BNDES admite que pode ter passado do ponto: “Abusei um pouquinho. Mostrei um ou outro dente político. Mas estamos só animando o debate”. O ministro Henrique Meirelles, no entanto, não parece animado com esse tipo de debate — e fulmina: “Não sei se ele se mantém (no cargo). Ele está sendo muito questionado”.

Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2017, edição nº 2558

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