“Não sabemos quem está nessas caixas”, disse Jim Mattis, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, sobre as 55 ossadas devolvidas pelo governo da Coreia do Norte, supostamente pertencentes a soldados americanos mortos na Guerra da Coreia, que terminou há 65 anos. Cerca de 36 000 militares americanos morreram no conflito, iniciado em 1950. Os corpos de 5 300 não puderam ser recuperados e permaneceram em campos de batalha ou em covas anônimas em território norte-coreano. Levadas em um avião C-17 da Força Aérea dos Estados Unidos para a base de Osan, na Coreia do Sul, as ossadas foram posteriormente enviadas para o Havaí, onde serão submetidas a exames de identificação. Comparar o DNA das amostras com o dos parentes de soldados desaparecidos é um processo que leva em média seis anos. Até lá já se saberá se o gesto de boa vontade da Coreia do Norte terá se esgotado nisso ou avançado para um acordo pelo fim do seu programa nuclear bélico — como prometeu o presidente Donald Trump depois de se encontrar com o ditador Kim Jong-un em Singapura. As negociações ocorridas desde a cúpula, que presenteou Kim com uma legitimidade imerecida, não foram promissoras. No início de julho, o secretário de Estado americano Mike Pompeo voltou de mãos vazias de uma reunião com os norte-coreanos. E, na segunda-feira 30, o jornal The Washington Post informou que a fabricação de mísseis balísticos pela Coreia do Norte segue a todo o vapor, apesar da promessa de interrompê-la. A devolução de restos mortais foi só o que restou das promessas da cúpula?
Publicado em VEJA de 8 de agosto de 2018, edição nº 2594