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Um coração chapecoense

Morre o radialista gaúcho Rafael Henzel, sobrevivente do desastre aéreo que vitimou a equipe de futebol catarinense

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 15h30 - Publicado em 29 mar 2019, 07h00
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  • A probabilidade de uma pessoa estar a bordo de um avião em um acidente aéreo fatal é ínfima — uma a cada 4 milhões de decolagens. A probabilidade de morrer em decorrência de algum problema cardiovascular é infinitamente maior — no Brasil, todos os anos, a cada 100 000 homens, 108 são vítimas de compli­cações cardíacas. O radialista gaúcho ­Rafael Henzel escapou da primeira estatística, mas não da segunda. Ele morreu na terça-feira 26, aos 45 anos, de infarto fulminante durante a tradicional pelada semanal de futebol com os amigos. Vivia sua segunda vida, que durou exatos 848 dias. Henzel foi um dos seis sobreviventes da tragédia do voo de 28 de novembro de 2016 que levava a equipe da Chapecoense, de Santa Catarina, para a final da Copa Sul­-Americana, em Medellín, na Colômbia.

    Morreram 71 pessoas, e as que se salvaram trataram de retomar o cotidiano após aquela terrível experiência. Em 2017, Henzel escreveu um livro, Viva Como Se Estivesse de Partida, misto de narrativa do acidente com conselhos para a vida pessoal e profissional. Ao lado de outros três sobreviventes — os jogadores Alan Ruschel, Jakson Follmann e Neto —, virou símbolo da reconstrução do clube e da luta dos familiares pelo direito a indenizações. O velório do jornalista, em Chapecó, relembrou, de algum modo, a tristeza coletiva que se sucedeu à fatalidade de três anos atrás. Ecoava, entre parentes, amigos e torcedores, o bordão mais ­conhecido de suas participações nas transmissões de jogos e programas esportivos da rádio Oeste Capital: “Meu coração transborda de felicidade”.


    O homem que entendia as mulheres

    Domingos de Oliveira
    ALMA FEMININA – Oliveira: vida e obra em função das companheiras (Paula Giolito/Folhapress)

    Domingos de Oliveira costumava dizer que era fruto do matriarcado. Criado pela mãe e pela avó, aprendeu desde cedo a respeitar e admirar as particularidades do gênero feminino. A herança é clara em seu vasto currículo como diretor, roteirista e ator. Sua estreia na direção no cinema foi com Todas as Mulheres do Mundo (1966). A comédia sobre romance e sexo foi inspirada na convivência com Leila Diniz, sua mulher na época e protagonista do filme ao lado de Paulo José, amigo com quem ele repetiu parcerias ao longo da vida. O roteiro acompanha o vaivém de um relacionamento que nasce e se desenrola de maneira inusitada. As complicações do amor e o desejo feminino seriam temas constantes em sua obra, assim como o trabalho com suas companheiras — ele foi casado cinco vezes — e com a filha, a atriz e roteirista Maria Mariana. Ao lado dela, escreveu o sucesso da TV e dos palcos Confissões de Adolescente. Nas duas últimas décadas, trabalhava com a parceira atual, Priscilla Rozenbaum, que rodou com ele a série Mulheres de 50, que estreia neste ano no Canal Brasil. Morreu no sábado 23, aos 82 anos, de complicações da doença de Parkinson, no Rio de Janeiro.

    Publicado em VEJA de 3 de abril de 2019, edição nº 2628

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