“Um método que levou a bioquímica a uma nova era”, resumiu a Academia Real Sueca de Ciências ao anunciar o Nobel de Química. Os três vencedores do prêmio — o suíço Jacques Dubochet, de 75 anos, da Universidade de Lausanne, o alemão Joachim Frank, de 77 anos, da Universidade Colúmbia, nos EUA, e o escocês Richard Henderson, de 72 anos, do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Cambridge — criaram, na década de 90, uma técnica que congela de maneira extremamente rápida vírus e bactérias. Chamada de microscopia crioeletrônica, ela possibilita análises laboratoriais sem que sejam alteradas as estruturas desses microrganismos durante a manipulação. Eles podem ser também congelados em pleno movimento, o que permite a visualização de forma tridimensional.
A microscopia eletrônica, com feixes de elétrons, põe em risco o material, danificando proteínas, DNA e RNA. Já a crioeletrônica foi usada, por exemplo, para estudar o vírus zika. Também contribuiu para o desenvolvimento de antibióticos — com ela, os pesquisadores identificaram o modo como a bactéria salmonela ataca as células e se torna resistente ao medicamento. É a química em íntimo casamento com a medicina.
Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2017, edição nº 2551