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Alto consumo de ultraprocessados pode aumentar em 41% o risco de câncer de pulmão

Pesquisa com mais de 100 mil pessoas indica associação entre o consumo desses alimentos e maior incidência de tumores, mesmo entre não fumantes

Por Bruno Pereira, da Agência Einstein
11 set 2025, 10h30

Uma dieta com grande presença de alimentos ultraprocessados pode estar diretamente ligada ao aumento do risco de câncer de pulmão. É o que aponta uma pesquisa da Universidade de Chongqing, na China, publicada na revista científica Thorax. O estudo acompanhou mais de 100 mil adultos nos Estados Unidos por 12 anos e revelou que, entre os participantes que mais consumiam esses produtos, a incidência da doença foi até 41% maior em comparação com os que ingeriam menos.

Para investigar a relação entre dieta e o surgimento de tumores, os pesquisadores recorreram aos dados do Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial. Ao longo do estudo, foram registrados 1.700 casos de câncer de pulmão — 1.473 de carcinoma de não pequenas células e 233 de pequenas células. Mesmo após ajustes estatísticos para fatores como tabagismo e exposição a contaminantes, a associação entre alto consumo de ultraprocessados e risco da doença continuou significativa.

Entre os 25% de participantes que mais consumiam esse tipo de alimento, a probabilidade de desenvolver câncer de pulmão foi 41% maior em relação ao grupo que menos ingeria. O risco foi ainda mais elevado nos subtipos raros da doença: a incidência de carcinoma de pequenas células, normalmente ligado ao tabagismo, aumentou 44%, enquanto no carcinoma de não pequenas células a elevação foi de 37%.

“Embora o câncer de pulmão seja de fato muito associado ao tabagismo, não é apenas o uso de cigarro que leva ao aparecimento de tumores. Já sabemos que outros fatores como a exposição a poluentes e o histórico familiar levam a um grande risco, além de riscos associados aos hábitos de vida, como os observados na qualidade da dieta”, explica o oncologista-clínico Gustavo Schvartsman, do Einstein Hospital Israelita.

O médico destaca que vários fatores podem explicar a relação encontrada no estudo. Alguns ingredientes dos ultraprocessados podem levar a inflamações sistêmicas crônicas que facilitam a formação de tumores. O estresse oxidativo e as alterações da microbiota intestinal também afetam o sistema imune, prejudicando as defesas do corpo mesmo em órgãos fora do trato digestivo, como o pulmão.

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Schvartsman indica que algumas das substâncias presentes em alimentos ultraprocessados podem estar envolvidas neste processo tumoral. “Temos os nitratos e nitritos, especialmente nas carnes processadas, que podem causar cânceres no pulmão e o trato urinário. A acrilamida, presente nas batatas fritas de pacotinho, também pode causar cânceres diversos, incluindo o de pulmão, então não é a primeira vez que nos deparamos com a relação de ultraprocessados e câncer”, completa o oncologista.

Como os ultraprocessados causam câncer?

Os ultraprocessados são uma categoria de alimentos produzidos industrialmente com conservantes e aromatizantes e, muitas vezes, sem qualquer ingrediente de origem vegetal ou animal. O grupo inclui refrigerantes, embutidos, biscoitos, sopas prontas, salgadinhos, pratos congelados e outros.

Para o nutrólogo e nefrologista Rodrigo Costa Gonçalves, coordenador da terapia nutricional do Einstein Hospital Israelita de Goiânia, o estudo recente é mais uma associação consistente que reforça o alerta sobre os efeitos prejudiciais dos ultraprocessados.

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“Há muitos fatores de risco diferentes quando pensamos em ultraprocessados e as relações com a formação de cânceres. Os aditivos alimentares podem levar a inflamações sistêmicas, além da presença de contaminantes, que podem se formar no aquecimento industrial ou na própria embalagem, usualmente plástica”, afirma.

Gonçalves complementa, porém, que as relações de risco devem ser averiguadas mais a fundo. “Nem todos os ultraprocessados são iguais. As carnes processadas, por exemplo, bacon, salsicha, presunto, estão mais associadas a câncer do que bebidas açucaradas, embora ambas tenham impacto negativo. Então, dentro desse grupo, precisamos entender quais podem ser os fatores de risco. Um aumento de risco de 41% é muito considerável, mas o estudo não nos permite afirmar uma causa e efeito de forma direta. Ele mostra essa correlação perigosa que deve ser averiguada por novas pesquisas”, indica.

Para o médico, a pesquisa divulgada na Thorax reforça os alertas já feitos sobre o papel desses produtos em obesidade, doenças cardiovasculares e outros tipos de câncer. Assim como os autores da pesquisa, o nutrólogo defende que diminuir a presença de ultraprocessados no dia a dia pode ser uma medida de proteção contra o câncer, o que é reforçado pelos médicos.

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O especialista diz que é possível reduzir de forma consistente o consumo de ultraprocessados no Brasil. “Isso deve ser encarado como uma questão de saúde pública, mas também individual e a melhor forma de fazer isso é com organização. Precisamos planejar nossas refeições para ter acesso a alimentos de qualidade também de forma prática, não só o almoço pré-pronto de micro-ondas”, afirma. Ele diz que é importante que a sociedade aprenda a cozinhar para descobrir sabores e texturas, o que ajuda a melhorar a alimentação. “Por fim, é preciso estar de olho nos preços para comprar alimentos in natura de forma acessível”, conclui Gonçalves.

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