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Alzheimer: cérebro começa a mudar 30 anos antes do diagnóstico

A descoberta pode ajudar no desenvolvimento de exames de diagnóstico, garantindo tratamento precoce e maior qualidade de vida ao paciente

Por Redação
Atualizado em 21 Maio 2019, 18h31 - Publicado em 21 Maio 2019, 18h30

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo mundo. Apesar dos esforços da comunidade médica, ainda não foi possível encontrar uma cura para o problema. Diversas pesquisas têm sido realizadas para encontrar formas de detectar a doença cada vez mais cedo, o que ajudaria a minimizar o impacto dos sintomas. Agora, um novo estudo descobriu que algumas mudanças químicas e na anatomia no cérebro ocorrem décadas antes do surgimento dos primeiros sintomas do Alzheimer. Isso significa que, se reconhecidos precocemente, esses sinais poderiam facilitar o início das intervenções terapêuticas e proporcionar maior qualidade de vida ao paciente.

A pesquisa, publicada no periódico Frontiers in Aging Neuroscience, descobriu que uma das alterações se dá nos níveis da proteína Tau, que começam a elevar 34 anos antes do diagnóstico. Essa proteína é conhecida como um dos principais indicadores da doença. Outras mudanças acontecem no lobo temporal, parte do cérebro responsável pela memória e pelo comportamento emocional. Nesta região, as modificações podem ser vistas até nove anos antes dos sintomas se manifestarem.

Segundo os pesquisadores, as alterações acontecem ao longo dos anos e podem ser identificadas através de exames médicos periódicos. Nosso estudo sugere que pode ser possível usar imagens do cérebro e análise do fluido espinhal para avaliar o risco de Alzheimer dez anos ou mais antes que ocorram os sintomas mais comuns, como declínio cognitivo leve”, disse Laurent Younes, principal autora do estudo, em nota

Alterações cerebrais

A equipe da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, revisou registros médicos de 290 pessoas com idade média de 40 anos. A maioria dos participantes tinha pelo menos um parente de primeiro grau diagnosticado com Alzheimer – o que aumenta o risco de desenvolver a condição.

Para a análise, foram verificadas amostras de líquido cefalorraquidiano (fluído corporal produzido pelo cérebro e coletado na espinha, onde ele também está presente). Também foram investigados resultados de ressonância magnética do cérebro. Estes exames foram realizados a cada dois anos entre 1995 e 2013. Ainda foram feitos testes padrões anualmente para examinar a memória, aprendizagem, leitura e atenção dos participantes.

Declínio cognitivo

No início do estudo, os participantes foram considerados “cognitivamente normais”, ou seja, sem a presença do Alzheimer; no entanto, ao fim da pesquisa, 81 pessoas haviam desenvolvido a doença. Nestes indivíduos, os cientistas notaram sinais de comprometimento cognitivo de 11 a 15 anos antes do início de qualquer sintoma. Eles foram percebidos a partir de pequenas mudanças na pontuação dos testes cognitivos – embora os participantes tenham se mantido assintomáticos.

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Presença da Tau

Os exames analisados também revelaram que níveis mais altos da proteína Tau foram detectados 34 anos antes da aparição dos sintomas. Além disso, as concentrações da tau fosforilada (p-tau) – uma versão modificada da Tau – aumentaram 13 anos antes que o comprometimento cognitivo fosse perceptível.

Lobo temporal

A equipe ainda rastreou mudanças cerebrais que aconteciam ao longo do tempo e descobriram que a taxa de mudança na superfície medial do lobo temporal era diferente entre os participantes com e sem Alzheimer – essas alterações ocorreram de três a nove anos antes.

O que isso significa?

Os pesquisadores ressaltaram que as alterações cerebrais variam consideravelmente entre os indivíduos, portanto, é necessário encontrar um mínimo de marcadores alterados para verificar o risco para o Alzheimer. “Várias medidas bioquímicas e anatômicas podem ser vistas mudando até uma década ou mais antes do início dos sintomas clínicos. O objetivo é encontrar a combinação certa de marcadores que indiquem risco aumentado de comprometimento cognitivo e usar essa ferramenta para orientar eventuais intervenções para evitar isso”, comentou Michael I. Miller, co-autor do estudo, em comunicado.

Apesar disso, os pesquisadores acreditam que os resultados possam levar a criação de melhores exames para diagnosticar a doença precocemente. Isso ajuda a garantir que o paciente conheça todas as opções de tratamento e desfrute de maior qualidade de vida.

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Alzheimer

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que provoca a diminuição das funções cognitivas, uma vez que as células cerebrais degeneram e morrem, causando declínio constante na função mental. Os principais sintomas da doença são: dificuldade de memória (especialmente de acontecimentos recentes), discurso vago durante as conversações, demora em atividades rotineiras, esquecimento de pessoas e lugares conhecidos, deterioração de competências sociais e imprevisibilidade emocional.

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa doença é responsável por 60% a 70% dos casos de demência – grupo de distúrbios cerebrais que causam a perda de habilidades intelectuais e sociais. Estima-se que 44 milhões de pessoas sofram de demência no mundo – mais de um milhão delas está no Brasil, de acordo com a Alzheimer’s Association. Além disso, 10 milhões de novos casos surgem anualmente – número que deve triplicar até 2050, segundo a OMS. Essa condição, que devasta a vida de pacientes e familiares, também apresenta altos custos econômicos, com a previsão de gasto de 2 trilhões de dólares por ano até 2030.

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