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Anvisa encontra ‘botox’ vencido e equipamentos sujos de sangue em clínicas de estética

Em primeiro dia da operação de fiscalização, entidade flagrou irregularidades em todos os estabelecimentos visitados

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 fev 2025, 16h47 - Publicado em 13 fev 2025, 15h47

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu início, nesta semana, a uma operação para fiscalizar clínicas de estética. Na última terça-feira, 11, primeiro dia da força-tarefa, o grupo de fiscais federais, estaduais e municipais encontrou irregularidades em todos os estabelecimentos visitados.  

Chamada de Operação Estética com Segurança, o mutirão conta com mais de 50 profissionais e visita clínicas nas cidades de Brasília, Goiânia, São Paulo, Osasco, Barueri e Belo Horizonte, além de fábricas em Anápolis e Porto Alegre. Os dois primeiros dias do mutirão contaram com ao menos 19 visitas, que culminaram com a interdição completa de dois dos serviços, além de fechamentos parciais de ao menos outros três.

Quais os principais erros das clínicas de estética?

Dentre as inadequações, foram observados produtos sem registro para comercialização no Brasil, fraude na manipulação de medicamentos, equipamentos descalibrados ou reutilizados indevidamente e produtos armazenados sem controle de temperatura. 

Os casos surpreendem. Enquanto em Osasco mais de 300 ampolas de produtos injetáveis foram encontradas em condições que oferecem risco a saúde, em Goiânia e em São Paulo os fiscais localizaram frascos vencidos de toxina botulínica, utilizados para realização de botox, e de fenol, produto que teve seu uso para fins estéticos proibidos no Brasil

Esse cenário levantou preocupações. “Esses produtos podem ser ineficazes e não levar ao resultado desejado”, diz Sylvia Ypiranga, membro da regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Ou pior, podem causar danos como alergias, queimaduras, infecções e outras consequências.”

Os casos de Belo Horizonte também chamam a atenção. Por lá, além de anestésicos com a data de validade expirada, foram encontrados fios e cânulas para procedimentos invasivos sem registro sanitário e instrumentos descartáveis sendo reutilizados – um deles com “restos aparentes de sangue.”

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Além disso, os fiscais também se depararam com estabelecimentos sem responsável técnico, com falta de protocolos de segurança e gerenciamento de risco, dotados de anotações sobre infecções que não foram notificadas ao Ministério da Saúde e com clínicas para transplante capilar sem autorização para realização do procedimento. 

As inadequações são perigosas pois colocam em risco a saúde dos clientes. Embora procedimentos estéticos sejam vistos pela população como técnicas simples e corriqueiras, muitas deles são arriscadas e utilizam produtos que, se não forem bem administrados, podem causar danos graves à saúde. 

Para Márcia Larica, presidente da Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos, é necessária a criação de um órgão que tenha competência para fiscalizar esse tipo de atividade. Desde 2018, a lei 13.643 regulamenta a profissão de esteticista e cosmetólogo, mas, até hoje, ainda não há um conselho federal da profissão, apto a regular e fiscalizar a atividade. “Todos nós estaremos mais seguros quando essa instituição for criada”, ela afirma. 

De fato, uma melhor regulamentação é necessária. De acordo com dados da Anvisa, entre 2018 e 2023, os serviços de estética e embelezamento foram os estabelecimentos com mais denúncias à Agência dentro da categoria de serviços de interesse público. Apenas no último ano da análise, esse tipo de negócio foi responsável por 61,3% das reclamações.  

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O que ocorre, contudo, é que, embora a vigilância sanitária tenha capacidade de fiscalizar alguns aspectos de segurança, como equipamentos, produtos e armazenamento, a atuação profissional e as boas práticas seguem sendo influenciada por uma disputa de classes, com uma variedade de profissões defendendo sua competência em atuar no ramo da estética. 

Como evitar os perigos?

A operação da Anvisa vem na esteira de um grande crescimento desse mercado. De acordo com a Pesquisa Global Anual sobre Procedimentos Estéticos/Cosméticos da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), entre 2020 e 2024, houve um aumento de 40% no número de atendimentos cirúrgicos e não cirúrgicos, enquanto um levantamento da Grand View Research aponta a tendência de um incremento anual de quase 15% até 2030. 

No Brasil isso também foi observado. De acordo com o Sebrae, apenas em 2023, o país registrou o equivalente a 500 microempreendedores individuais por dia na área de estética e beleza. Já segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o número de profissionais no Brasil passou de 72 mil em 2019 para mais de 480 mil em 2024, representando um crescimento de mais de 500%. 

Para a Sociedade Brasileira de Estética e Cosmética, há uma diversidade de razões para isso. “Em primeiro lugar, há uma crescente demanda por tratamentos estéticos, impulsionada por uma maior conscientização sobre cuidados com a saúde e a beleza. Além disso, o envelhecimento da população e a busca por melhorias no bem-estar contribuem para esse crescimento”, disseram em nota. “Outro fator importante é a inovação tecnológica, que trouxe novos procedimentos minimamente invasivos e personalizados, tornando os tratamentos mais acessíveis e eficazes.”

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Em meio a tantas opções, é preciso cuidado para encontrar estabelecimentos sérios, que sigam as normas. Entre os detalhes a serem observados, estão:

  • Verificação de credenciais: confira se o estabelecimento possui alvará junto ao serviço local de vigilância sanitária
  • Desconfiança de promessas milagrosas: evite procedimentos que prometam resultados excepcionais, em especial se o preço estiver muito abaixo do mercado
  • Consulta dos produtos utilizados: pergunte quais são os produtos utilizados, cheque a data de validade e verifique a regularidade no site da Anvisa
  • Conferência de equipamentos: verifique se os equipamentos estão em boas condições e se são esterilizados corretamente
  • Busca de Referências: peça recomendações a amigos e familiares que já tenham realizado procedimentos no mesmo local
  • Cuidado com influenciadores: não confie cegamente em promessas feitas nas redes sociais, em especial quando forem feitas como publicidade para uma determinada marca
  • Checagem de registro profissional: busque saber se os profissionais possuem registros compatíveis com a atuação em estética junto aos conselhos profissionais
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