Anvisa interdita oito clínicas de estética com falhas de limpeza e botox vencido
Balanço de operação realizada nesta semana aponta que foram encontradas irregularidades em 30 dos 31 estabelecimentos vistoriados; veja cuidados

Botox vencido há mais de dois anos, produtos injetáveis em condições impróprias, falhas de limpeza e produtos de uso proibido foram algumas das irregularidades encontradas pela operação “Estética com Segurança”, realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao longo desta semana em clínicas das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Em balanço divulgado na noite desta sexta-feira, 14, a agência informou que oito clínicas foram interditadas por ” irregularidades graves que não podem ser sanadas a curto prazo ou de maneira simples”. Dos 31 estabelecimentos visitados, apenas um não tinha problemas.
A força-tarefa foi composta por 50 agentes que vistoriaram estabelecimentos localizados em Brasília (DF), Guará (DF), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Osasco (SP), Barueri (SP) e São Paulo (SP).
Na última quinta-feira, 13, a Anvisa já tinha divulgado um balanço parcial da operação e informado o flagrante até de equipamentos com “restos aparentes de sangue”.
A agência informou que considerou o aumento de relatos de eventos adversos graves em clínicas de estética e escolheu os estabelecimentos a partir de queixas de usuários. Também utilizou como critério o grau elevado de propagandas patrocinadas pelas marcas tanto em redes sociais quanto em mídias tradicionais.
Nos onze serviços de estética vistoriados no estado de São Paulo, foram apreendidas mais de 2 000 ampolas de produtos manipulados. De acordo com a agência, assim como é proibido usar produtos sem registro, não é permitido o uso de produtos manipulados em larga escala nesses locais, tendo em vista que são formulações individualizadas e voltadas a condições específicas. Por isso, são vendidas em farmácias de manipulação.
Os agentes encontraram toxina botulínica, o popular botox, vencido há mais de dois anos e um dos locais realizava transplante capilar sem a estrutura mínima para o procedimento.

“Em apenas uma clínica de Osasco (SP), foram encontradas mais de 300 ampolas de produtos injetáveis em condições de risco à saúde, além de nove equipamentos médicos sem calibração, que foram interditados”, disse, em nota, a Anvisa.
Problemas de higiene e substância proibida
No Distrito Federal, os principais problemas encontrados tinham relação com falta de higiene e armazenamento inadequado dos produtos. As falhas incluíam falta de pia para lavagem das mãos em áreas de procedimentos e refrigeradores com temperatura acima da recomendada.
Uma das clínicas nem poderia estar aberta, pois não tinha alvará sanitário. Outra não contava com responsável técnico. Em mais de uma clínica vistoriada, seringas, ampolas e frascos eram usados como decoração.
“Essas clínicas terão que comprovar a destruição desses itens nos próximos dias, pois o descarte adequado é necessário para evitar a reutilização, contaminação ou acidentes com partes perfurocortantes.”
O único estabelecimento sem irregularidades era de Goiânia, mas, nos demais locais vistoriados na capital, foram encontrados produtos vencidos, descarte irregular de resíduos e frascos de fenol, substância proibida para uso em fins estéticos desde o ano passado.
Os agentes também se depararam com anotações sobre dois casos de infecção por micobactéria que não foram notificados ao sistema público de saúde, embora casos de infecções graves sejam de notificação compulsória.
Risco de infecção
Foi em Belo Horizonte que a força-tarefa detectou um grave risco de transmissão de doenças: instrumentos para realização de microagulhamento na pele estavam sendo reutilizados.
“Esses dispositivos perfuram a pele com agulhas, sob a promessa de estimular a produção de colágeno e melhorar a textura da pele. Durante o processo, geram-se sangue e secreções, o que implica que cada dispositivo deve ser usado uma única vez por paciente, sendo descartado em seguida. A reutilização desses materiais envolve risco de transmissão de infecções e doenças”, explica a agência.
Veja cuidados ao escolher uma clínica de estética
- Verificação de credenciais: confira se o estabelecimento possui alvará junto ao serviço local de vigilância sanitária
- Desconfiança de promessas milagrosas: evite procedimentos que prometam resultados excepcionais, em especial se o preço estiver muito abaixo do mercado
- Consulta dos produtos utilizados: pergunte quais são os produtos utilizados, cheque a data de validade e verifique a regularidade no site da Anvisa
- Conferência de equipamentos: verifique se os equipamentos estão em boas condições e se são esterilizados corretamente
- Busca de Referências: peça recomendações a amigos e familiares que já tenham realizado procedimentos no mesmo local
- Cuidado com influenciadores: não confie cegamente em promessas feitas nas redes sociais, em especial quando forem feitas como publicidade para uma determinada marca
- Checagem de registro profissional: busque saber se os profissionais possuem registros compatíveis com a atuação em estética junto aos conselhos profissionais