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Aparelhos de medir glicose imprecisos preocupam entidades brasileiras

Ação de associação de pacientes junto a canais da Anvisa visa alertar pessoas com diabetes e incentivar denúncia de glicosímetros problemáticos

Por Ligia Moraes
Atualizado em 7 Maio 2024, 16h09 - Publicado em 25 jan 2024, 13h54

Uma parcela dos dispositivos de medição de glicemia disponíveis no mercado brasileiro apresenta valores imprecisos que podem atrapalhar o controle do diabetes, denuncia a Coalização Vozes do Advocacy, que reúne associações de pacientes com diabetes e obesidade.

A incorreção dos números apontados pelos glicosímetros pode levar as pessoas a cometer erros no tratamento (por exemplo, nas aplicações das doses de insulina) e aumentar o risco de episódios de hipo e hiperglicemia, quando os níveis de açúcar no sangue baixam ou sobem excessivamente. Quadros do tipo podem ser inclusive fatais.

Existem mais de 115 opções de glicosímetros no Brasil. Não saber ao certo quantos e quais deles não atendem ao padrão de precisão e qualidade preocupa a Vozes do Advocacy, uma vez que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só completou a análise de cinco deles. Pensando nisso, a Coalizão lançou uma campanha para estimular as pessoas a realizarem denúncias nos canais da Anvisa ao depararem com aparelhos inconsistentes.

Desde 2016, as associações de diabetes têm conversado com o órgão regulatório sobre a questão. Em meio aos debates, 16 glicosímetros já foram retirados de circulação a partir da Instrução Normativa Número 24, de 2018. Ela obriga as empresas fornecedoras a adaptarem os dispositivos à ISO 15.197 de 2013, que especifica os requisitos universais para o sistema de monitoramento de glicemia.

Um estudo de avaliação de glicosímetros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizado ainda em 2013, constatou que a diferença dos resultados dos dispositivos variaram entre 19% a 139%. A Associação Americana de Diabetes, referência na área, determina que os resultados não oscilem mais do que 20%.

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Problema prevalente

Números divulgados pela Federação Internacional de Diabetes mostram que mais de 16 milhões de adultos no país são afetados pela doença, embora nem todos façam uso de glicosímetros na rotina. O Brasil é o 5° país com a maior incidência de diabetes do mundo. Conforme a pesquisa Vigitel de 2023, conduzida pelo Ministério da Saúde, a doença acometeria ao menos 10% da população.

Por consequência, o gasto com saúde relacionado ao diabetes no país atingiu 42,9 bilhões de dólares em 2021, o terceiro maior do mundo. Parte dessa conta, de acordo com a Coalizão, pode estar relacionada com a imprecisão dos glicosímetros e a controle e tratamentos inadequados.

Frente ao cenário desafiador da doença, em novembro de 2023 foi realizada uma audiência pública em Brasília. Durante a ocasião, Vanessa Pirolo, coordenadora da Vozes do Advocacy para Diabetes e Obesidade, questionou o Ministério em relação à falta de acesso a medicamentos já incorporados pelo SUS, como a insulina análoga de ação prolongada.

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“Por que não temos uma linha de cuidado melhor e que realmente seja eficiente? Por que não capacitar todos os profissionais da rede? Por que ainda não temos a telemedicina implementada no SUS para dar apoio aos especialistas?”, questiona.

A imprecisão de glicosímetros vem se somar aos desafios enfrentados pela população que convive com o diabetes.

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