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As variantes ‘superpoderosas’ da varíola dos macacos

Segundo estudo, as mutações no vírus fazem com que ele se espalhe rapidamente, evite drogas e vacinas

Por Diego Alejandro
7 nov 2022, 16h27

Em 2022, cerca de 80.000 casos de varíola dos macacos foram relatados em 109 países, resultando em 36 mortes. Para a maioria desses países, o surto deste ano foi o primeiro registrado pois, semelhante à Covid-19, mutações permitiram que o vírus se tornasse mais forte e inteligente, ultrapassando barreiras sanitárias, medicamentos antivirais e vacinas.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Missouri identificou quais são essas modificações específicas no vírus monkeypox, que contribuem para sua perseverança. “Ao fazer uma análise temporal, pudemos ver como o vírus evoluiu ao longo do tempo, e uma descoberta importante foi que o vírus agora está acumulando mutações especificamente onde as drogas e os anticorpos das vacinas devem se ligar”, disse Shrikesh Sachdev, autora e membro da equipe que analisou as sequências de DNA de mais de 200 cepas de varíola dos macacos, que baseiam a investigação. “Então, o vírus está ficando mais inteligente, é capaz de evitar ser alvo de drogas ou anticorpos da resposta imune do nosso corpo e continuar a se espalhar para mais pessoas”.

Os primeiros surtos da varíola dos macacos ocorreram na década de 60. Desde então, o vírus vem evoluindo, infectando várias pessoas no caminho. O sequenciamento das cepas dos vírus é importante porque podem levar a versões adaptadas de medicamentos existentes usados ​no combate à monkeypox ​ou o desenvolvimento de novos, que respondam às mutações atuais.

Vírus decodificado

Kamlendra Singh, virologista professora da Faculdade de Medicina Veterinária da universidade, explica que a homologia, ou estrutura, do vírus da varíola dos macacos é muito semelhante ao vírus vaccinia, que tem sido usado no imunizante para tratar a varíola. Isso permitiu a criação de um modelo de computador 3D, que mapeou as proteínas do vírus da varíola dos macacos, as mutações específicas em que estão localizadas e quais são suas contribuições para o vírus ter se tornado tão infeccioso recentemente.

“Quando eles me enviaram os dados, vi que as mutações estavam ocorrendo em pontos críticos que impactavam a ligação do genoma do DNA, bem como onde drogas e anticorpos induzidos por vacinas deveriam se ligar”, disse Singh. “Esses fatores certamente estão contribuindo para o aumento da infectividade do vírus. Este trabalho é importante porque o primeiro passo para resolver um problema é identificar onde o problema está ocorrendo especificamente em primeiro lugar, e é um esforço de equipe.”

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Casos caindo

Apesar das novas mutações, no final de agosto, o número de novas infecções começou a diminuir em todo o mundo, e a tendência continua até hoje. Os novos casos de monkeypox na última semana de outubro foram de 1.295, uma queda de 41% em relação à semana anterior, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para colocar esse número em perspectiva, o número de novos casos semanais relatados globalmente foi de 7.477 durante o pico do surto no início de agosto.

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