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Autismo: excesso de ácido fólico na gravidez pode dobrar o risco

Apesar de ser benéfico na formação dos bebês, o uso excessivo do folato pode aumentar o risco do transtorno, de acordo com estudo americano

Por Da Redação
Atualizado em 18 ago 2017, 15h43 - Publicado em 17 ago 2017, 18h57

O ácido fólico – forma sintética do folato, um tipo de vitamina B – é essencial durante a gestação. Ajuda no desenvolvimento neurológico do feto durante o fechamento do tubo neural, que, quando prejudicado, apresenta problemas morfológicos, como anencefalia, fenda palatina e o lábio leporino. No entanto, seu consumo em excesso pode aumentar em duas vezes o risco de autismo nos bebês, segundo novo estudo da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

A pesquisa

Pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins analisaram o nível de ácido fólico no sangue de 1.391 mães, logo depois do parto, e de seus filhos durante o período de 1998 a 2013. Os resultados, relevados em 2016, mostraram que as mães de crianças autistas tinham níveis quatro vezes maiores de folato do que o recomendado – uma a cada dez voluntárias tinham o excesso da substância no sangue.

Excesso é prejudicial

“O excesso de ácido fólico pode prejudicar os genes que fazem a maturação do encéfalo e causar alguma má formação, podendo desenvolver autismo ou autismo parcial”, explicou Antonio Cabral, doutor em obstetrícia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, mas tem como causa outros fatores mais amplos. A quantidade excessiva atua em um quadro muito específico do DNA do feto, um fator isolado. “Tem de ter predisposição genética e outros fatores. O excesso de folato pode ter uma consequência diferente em outra pessoa”, disse o médico.

Na quantidade correta, há benefícios

Na época, alguns médicos rebateram os resultados do estudo. Afinal, a vitamina ainda é essencial na proteção dos riscos de mal formação do feto. Na verdade, de acordo com um estudo anterior, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), a ingestão de ácido fólico, que pode ser encontrado naturalmente em frutas e vegetais ou farinhas enriquecidaspoderia até reduzir o risco de autismo. “O que não deve haver é uso em altas doses”, explicou Cabral.

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Segundo o médico, o ideal é ingerir de 0,4 a 0,8 miligramas por dia antes de engravidar e nos três primeiros meses da gestação, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Além disso, se tomada em doses reduzidas durante o resto da gestação, a vitamina auxilia na formação do coração e evita o parto prematuro.

“A suplementação adequada é protetiva, continua sendo o caso do ácido fólico”, disse Daniele Fallin, uma dos autores do estudo principal. No entanto, mais estudos são necessários para determinar a quantidade ideal da vitamina para cada gestação. O alerta é para que médicos e as mulheres grávidas se atentem à dosagem adequada. “Se a mulher tem alguma atividade ou hábito que possa reduzir o ácido fólico [no organismo], como fumar ou atividade física intensa, pode usar dentro dessa dosagem ou um pouco mais. Tem de conversar com o médico para ver se é excessiva”, concluiu Cabral.

Autismo

De acordo com Andreas Stravogiannis, diretor técnico da Associação de Amigos do Autista (AMA), entre as possíveis causas ambientais do autismo podem estar as infecções neonatais, problemas durante o trabalho de parto, exposição a substâncias químicas ou tóxicas durante a gravidez ou os primeiros anos do bebê, parto prematuro e a desnutrição da mãe. “Quando se chega ao diagnóstico de autismo, cabe investigar as possíveis causas, mas, na maioria das vezes, as pacientes não têm evidências suficientes que justifiquem o autismo”, explicou, entretanto.

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Sobre o estudo, Stravogiannis salienta o fato de os cientistas terem analisado os níveis de folato no sangue das mães somente no pós-parto. “O ácido fólico age no primeiro trimestre, principalmente, no tubo neural. Teria de ver se nesse período inicial [as mães] tinham valores elevados.”

(Com Estadão Conteúdo)

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