A profusão de barba e bigode fartos começou há algum tempo, com a moda dos hipsters nos já longínquos anos 2000. Conquistou em cheio os homens na década seguinte, com a adesão de bonitões do cinema — George Clooney, Brad Pitt e Bradley Cooper, entre eles. Pesquisas comportamentais mostram que seis em cada dez homens com idade entre 18 e 39 anos têm o rosto desenhado por pelos longos. Mas 30% deles estão insatisfeitos com o resultado. Ou porque os fios são curtos demais, ou porque não cobrem a face de forma cerrada. Esses homens estimulam o crescimento da procura por um procedimento médico inusitado, cotadíssimo em clínicas especializadas, inclusive no Brasil: o transplante de barba e bigode.
Transplantam-se os folículos, a raiz dos pelos, individualmente. Para não haver risco de rejeição, eles são retirados do organismo do próprio paciente. Podem ser extraídos de áreas da cabeça não sujeitas a calvície, como a nuca ou próximo à orelha, e ainda de regiões da barba onde há mais pelos. “O fio transplantado cresce naturalmente e pode até ser raspado porque volta a nascer no novo local”, diz o cirurgião plástico especializado em transplante capilar Márcio Crisóstomo. Um levantamento global, realizado pela Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar, revela que a procura pelo procedimento teve crescimento de 160% em cinco anos. Há mais interesse hoje em decorrência do aprimoramento do método. Até há pouco tempo, a forma mais comum era o implante de tufos de dez a quinze pelos, o que dava um aspecto artificial e deixava cicatrizes. Agora, o transplante ficou mais sofisticado, mas não é simples nem barato. Feito em centro cirúrgico, com anestesia local, leva seis horas e sai por até 25 000 reais, caso da repicagem total de barba.
Há uma mensagem social na busca por barba e bigode de respeito. Diz o dermatologista Adilson Costa: “Os homens querem ter barba mais cheia porque o estilo lhes confere um visual de masculinidade”. Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, reuniram 8,250 mulheres e lhes exibiram imagens de um mesmo grupo de homens em versões distintas: com barba e sem nada a cobrir a face. Resultado: para elas, os homens mais atraentes eram os que tinham penugem cerrada, mas não muito longa.
Publicado em VEJA de 6 de março de 2019, edição nº 2624
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