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Caso raro: bebê colombiana nasce com irmã dentro da própria barriga

Conhecida como fetus-in-feto, a condição ocorre quando o óvulo fecundado que geraria gêmeos não se divide no momento certo

Por Redação
Atualizado em 25 mar 2021, 18h14 - Publicado em 21 mar 2019, 17h39
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  • Um caso incomum envolvendo uma criança colombiana que tinha outro bebê dentro do próprio abdômen vem ganhando atenção internacional. A anomalia foi encontrada quando, no sétimo mês de gestação, Mônica Vega realizou uma ultrassonografia para verificar se a filha, chamada Itzamara, poderia estar desenvolvendo um cisto no fígado. No entanto, o que a equipe médica descobriu foi muito mais surpreendente – e perigoso: as imagens mostraram dois cordões umbilicais, embora Mônica não estivesse esperando gêmeos.

    Em entrevista ao The New York TimesMiguel Parra-Saavedra, especialista em gravidez de alto risco, explicou que a irmã gêmea de Itzamara – que não tinha sido localizada em nenhum exame anterior – se desenvolveu dentro da menina em vez de crescer no útero da mãe. Segundo o médico, isso acontece quando a divisão do zigoto não acontece da maneira como deveria. “É um dos casos mais estranhos que vemos em medicina fetal. As células que iriam formar as gêmeas não se dividiram no momento adequado. Por isso, uma se desenvolveu enquanto a outra ficou dentro da irmãzinha”, explicou a Rádio Caracol, em Barranquilla, na Colômbia. 

    Artigo publicado na revista científica British Medical Journal indica que a probabilidade desse fenômeno acontecer é de uma em cada 500.000 gestações. Apesar de o caso de Itzamara ter sido detectado ainda durante a gravidez, situações como esta geralmente são descoberta somente após o nascimento. Com a identificação precoce, a equipe médica realizou uma cesárea emergencial para evitar riscos de saúde para a menina – que também passou por cirurgia para retirar a irmã alojada em sua barriga.

    Fenômeno raro

    Segundo Parra-Saavedra, essa condição rara, conhecido como fetus in feto, é uma anomalia congênita que, se não for identificada a tempo, pode colocar em risco a gestação. Esse tipo de gravidez normalmente é gerada a partir de um único zigoto (óvulo fecundado pelo espermatozoide). Em casos em que a estrutura de divide na primeira semana, gera-se gêmeos idênticos. Se ocorrer na segunda semana, são formados gêmeos siameses – quando dois bebês nascem fisicamente conectados um ao outro. Esse fenômeno também é raro: uma em cada 200.000 gestações.

    No caso de Mônica, a divisão do zigoto ocorreu após a segunda semana. Por causa disso, surgiu o fetus in feto – quando o bebê que não se formou adequadamente é encontrado no corpo do gêmeo em desenvolvimento. O feto parasita, como é designado, pode ter várias partes do corpo formada, como vértebras, cabeça e membros. No caso de Itzamara, a gêmea tinha cabeça e membros desenvolvidos, mas não tinha cérebro ou coração. Esse tipo de anomalia pode acontecer em várias partes do corpo, embora seja mais comum aparecer como uma “massa no abdômen”. 

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    O caso de Itzamara

    A realização da ultrassom detectou um espaço cheio de líquido onde havia uma criança pequena – parcialmente desenvolvida – e um cordão umbilical separado que estava conectado ao intestino de Itzamara. Em uma gestação convencional, o feto recebe nutrientes e oxigênio através do cordão umbilical e da placenta da mãe. Este era o caso da menina. No entanto, a outra gêmea extraía o que precisava de Itzamara; até mesmo o sangue que percorria seu corpo era bombeado por meio do coração do bebê desenvolvido. 

    “É como ter um grande parasita. Esse parasita pode te enfraquecer e desnutrir, também pode prejudicar alguns de seus órgãos”, disse Parra-Saavedra. Mediante os riscos aos quais a menina estava exposta, em 22 de fevereiro, o médico submeteu Mônica a uma cesárea na 37ª semana de gestação. A recém-nascida passou por cirurgia 24 horas após o nascimento para remoção do feto.

    De acordo com os médicos, apesar de delicada, a operação foi bem sucedida. Eles destacaram que a menina está em boas condições e é um ‘bebê normal’. “Se não tivesse sido diagnosticada a tempo, a menina poderia ter crescido durante anos com esse feto parasita dentro de seu abdômen”, revelou Parra-Saavedra.

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